Homem que recusou cumprimento a Aécio diz à Carta Capital que ficou feliz "porque as pessoas se identificaram", mas rejeita uso político de seu gesto.
O músico Fábio Martins ficou famoso nacionalmente ao recusar um cumprimento do candidato Aécio Neves, do PSDB. Flagrado pelos fotógrafos e cinegrafistas que acompanhavam o tucano durante uma visita a favelas ao sul de Belo Horizonte, o gesto de Martins, que mora no aglomerado da Serra, foi parar nas primeiras páginas dos jornais do Brasil todo e circulou fortemente nas redes sociais nos últimos dias. “Meu gesto nada mais foi do que defender o que acredito”, afirmou o artista durante uma troca de mensagens eletrônicas comCartaCapital.
A fama repentina não trouxe vantagem alguma para Martins, de 39 anos. Eleitor de Luciana Genro no primeiro turno das eleições presidenciais, não revela em quem votará no segundo turno, alegando ser uma questão particular. E repudia qualquer uso eleitoral do que fez. “Fiquei feliz que pessoas se identificaram, mas é chato ver uma atitude honesta ser tratada de forma partidária por muitos”, afirmou.
Em um longo post em seu perfil no Facebook (leia a íntegra abaixo), o músico dá mais detalhes do que vem sofrendo, e cita racismo e ameaças. A CartaCapital ele preferiu não dar detalhes, mas questionou: “Racismo é crime, não é, amigo?”. Mas completou: “Não sou homem de me arrepender do que faço”.
Leia o desabafo de Fábio Martins no Facebook:
Por Quinze Minutos De Fama?
Ameaças, injúrias, racismo!
Entre outras coisas, é o que venho enfrentando desde sexta-feira, quando neguei cumprimentar um político!
Me calei, fiz questão de não responder individualmente aos insultos que venho recebendo, pois acredito e ponho fé no direito das pessoas se posicionarem perante qualquer situação, (Democracia é isto!) e foi somente o que fiz perante o candidato: me posicionei!
Fui taxado como mal educado, e realmente é mal educado quem nega um cumprimento a qualquer um que seja, mas só queria deixar bem claro que um candidato me estender a mão três dias antes de uma eleição, cercado de jornalista em um aglomerado onde jamais havia pisado, nunca representaria uma cordialidade, e sim uma ação a qual, tivesse aceitado o aceno do político, estaria dizendo gestualmente pra todos que concordo com ele e o apoio, e foi sem hipocrisia que tomei minha atitude, que foi política sim, mas não partidária, (Não defendo bandeiras), também não sou apolítico pois faço política todos os dias quando saio de casa para trabalhar, quando convivo com meus vizinhos e temos que seguir e respeitar leis, como fiz ontem quando sai para votar!
De Injúrias, como partidários do tal candidato vem postando em vários sites que repercutiram o acontecido, não acho necessário me defender, pois o que pensam de mim não me importa, só queria deixar bem claro que trabalho desde dos 14 anos de idade, e entre familiares meus estão advogados, professores, enfermeiras, músicos, poetas, pedreiros, diaristas entre outros profissionais, todos criados na comunidade e que, como eu passaram dificuldades sim, mas jamais precisaram utilizar bolsa família ou qualquer outro recurso governamental para sobreviver, (não tirando o direito dos necessitados de usufruir de tais recursos, claro)!
Sobre meus textos: Sou eu mesmo que os escreve diferente de colocações classistas de alguns que se acham "Superiores" e que até hoje parecem viajar na utopia de que favelados são todos analfabetos, drogados, ladrões, sem recursos culturais, como mostram os personagens destas novelas imprestáveis exibidas por canais de TV!
Vocês "superiores", subam o morro um dia, vamos dialogar?
Quem sabe assim possamos achar explicações para os carrões dos filhos teus que a noite não param de encostar na entrada da favela pra buscar droga e assim alimentar o tráfico!
Apertaria com convicção a mão de um que tivesse coragem de por a cara!
Sobre citações racistas e ameaças a minha integridade física, pouco vou falar pois este tipo de gente não merece meu tempo nem respeito, então simplesmente tenho dado print nas conversas e postagens do gênero e farei um B.O. para me defender de qualquer coisa que possa vir a me acontecer, pois infelizmente parece que ainda vivemos na época da repressão militar ou em um feudo!
Aí tenho que ouvir de uns espertos que consegui meus quinze minutos de fama, que já posso me candidatar para vereador na próxima eleição, Brincadeira viu!
As únicas coisas que quero é que minha mãe durma tranquila (coisa que não faz desde sexta, quando saio à noite para trabalhar) e que eu tenha liberdade e saúde para seguir em busca dos meus ideais...
Paz para todos!
FM.
Fonte: Carta Capital
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