Em uma publicação da ONU intitulada Habitat, lançada em agosto do ano
passado, há números e gráficos comparativos do “estado das cidades na América
Latina e no Caribe”. O relatório trata de muitos temas que interessam a
pesquisadores, gestores e moradores de grandes cidades. Seus números ajudam a
entender também por que o povo da Venezuela está nas ruas chorando por Chávez.
As análises contidas no documento da ONU têm qualidade. São comparações
internacionais que possuem grande utilidade. Caracas e as cidades da
Venezuela apresentam números que despertam interesse:
1) Em 1999, a Venezuela tinha 49% da sua população urbana em situação de
pobreza e indigência. Em 2010, este percentual foi reduzido para 28%.
2) Entre 26 cidades selecionadas, o menor índice de Gini entre seus
habitantes é o de Caracas, que é inferior a 0,40. No Brasil, é 0,5. Este índice
mede a desigualdade de renda.
3) Nas cidades da Venezuela, mais de 80% das residências são ocupadas
por seus proprietários. Na Colômbia, este número é inferior a 50%. A Venezuela
é a melhor neste quesito; a Colômbia, a pior.
4) Na América Latina e no Caribe, a proporção de população urbana que
tem saneamento está entre 80 e 85%. Na Venezuela, está próxima de 95%. Na
Venezuela, 90% da população urbana recebem água encanada.
5) De 21 países selecionados, a maior cobertura de coleta de lixo urbana
ocorre na Venezuela. A pior está no Paraguai.
6) Em 21 cidades selecionadas, mostra-se que o gasto médio mensal de um
usuário regular de ônibus; em Caracas, é de 6% do salário mínimo. Em Buenos
Aires, se gasta 5% e, em São Paulo e no Rio de Janeiro, 12%.
São esses números que os Jardins (em São Paulo) e o Leblon (no Rio)
desconhecem. Nem fazem qualquer esforço para conhecê-los. Preferem ser
informados pelos veículos que trazem conforto interno e energia para combater
as possibilidades de mobilidade social – seja aqui, seja na Venezuela. Sãos os
mesmos veículos que fazem piada com a dor do povo venezuelano.
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