terça-feira, 26 de março de 2013

MANIFESTAÇÃO DE MULHERES TRABALHADORAS DENUNCIA VIOLÊNCIA MACHISTA E EXIGEM POLÍTICAS DE PROTEÇÃO EM NATAL

 
Centenas de mulheres foram às ruas da capital potiguar no dia 8 de março para exigir dos governos investimentos reais que garantam a aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha.

A cada duas horas uma mulher é morta no Brasil.
 
Tamanha violência faz o país ocupar a 7ª posição no número de assassinatos, entre outras 84 nações. Diante desta sombria constatação, fica difícil transformar o 8 de março em um dia de festas, bombons e flores. Mas tão pouco serve como data para lamentações. O dia que homenageia as 129 operárias de uma fábrica de tecidos nos Estados Unidos é, antes de tudo, um dia de combate ao machismo e à exploração do capitalismo.
Pensando nisso, centenas de mulheres trabalhadoras cobriram de vermelho e lilás as ruas do centro de Natal na última sexta-feira. Numa belíssima manifestação pública, que fechou uma das faixas da Av. Rio Branco, uma das principais vias da cidade, elas denunciaram a violência machista e a falta de políticas efetivas de proteção às mulheres. “Feministas contra o machismo! Feministas contra o capital! Feministas contra o racismo, contra o terrorismo neoliberal!”, cantavam.
A manifestação foi organizada por grupos feministas, sindicatos, entidades estudantis, movimentos populares e pequenos partidos (PSTU e PSOL).  O protesto expressou a unificação na luta de diversas organizações,“Esse ato unificado é muito importante. Mostra que a luta das mulheres é conjunta com a de todos os trabalhadores e jovens”, destacou a estudante Géssica Régis, da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL)
O ato político e cultural também reuniu muitos homens, mostrando que a união entre trabalhadoras e trabalhadores é decisiva para combater a opressão que só aprofunda a exploração do capitalismo. “Quem bate em mulher não é covarde, e sim criminoso”, dizia um cartaz pintado pelo militante João Henrique Galvão.
A manifestação não poupou críticas à presidenta Dilma, à governadora Rosalba Ciarlini e ao prefeito Carlos Eduardo por não investirem recursos suficientes para garantir a segurança das mulheres trabalhadoras. No ano passado, sob a gestão de Micarla de Sousa, a prefeitura aplicou menos de 0,05% do orçamento em políticas de combate ao machismo. Este ano o percentual também é menor. “Precisamos de uma política que realmente traga mudanças, de investimentos, de governos comprometidos com o fim da exploração e da opressão capitalistas”, disse a assistente social Rosália Fernandes.
As principais reivindicações do protesto exigiam a aplicação da Lei Maria da Penha e a ampliação da proteção às mulheres, a suspensão dos projetos de reformas do Código Penal, da Previdência e da legislação trabalhista, que visam retirar direitos, e a legalização do aborto. A construção de creches em período integral, casas-abrigo, delegacias especializadas e a reativação da Secretaria da Mulher em Natal também foram reivindicadas. A luta das trabalhadoras terceirizadas para não serem demitidas também foi destaque.
O ato público ainda denunciou a ameaça da redução de direitos prevista no Acordo Coletivo Especial (ACE), um projeto elaborado pela CUT e que o governo Dilma pretende aprovar no Congresso. “O ACE vai atacar principalmente as mulheres trabalhadoras, que já estão muito fragilizadas em seus direitos. É uma vergonha que isso esteja sendo preparado pelas mãos do governo de uma mulher”, denunciou a diretora do Sindsaúde, Simone Dutra.
O mandato da vereadora Amanda Gurgel (a professora que ficou conhecida por seu discurso) participou do ato, apoiando a construção do 8 de março desde o início. Na mesma semana, a vereadora já havia realizado uma audiência pública para debater o tema da violência contra as mulheres e as políticas de proteção. Na ocasião, um grupo temático foi formado para elaborar projetos de lei que possam ser apresentados pela professora.
No protesto, Amanda Gurgel (PSTU) denunciou a falta de investimentos dos governos e destacou que não basta ser mulher para realizar as mudanças necessárias. “Faltam creches, casas-abrigo, delegacias especializadas, centros de referências e emprego para as trabalhadoras. Sem isso, o discurso de libertação das mulheres por parte dos governos não passa de demagogia. Não basta ser uma mulher. É preciso ser uma mulher trabalhadora para saber das necessidades de cada uma de nós”,

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