Representantes da Organização
das Nações Unidas (ONU) no Brasil denunciaram graves violações aos direitos
humanos que são cometidos devido a preparação e obras do país para a Copa do
Mundo FIFA no próximo ano. A intenção dos representantes é que a ONU use a sua
força simbólica e influencie governos estrangeiros para que se faça uma pressão
sobre Brasília para que se parem as obras que estão criando ‘avassaladoras
consequências sociais’.
A reunião ocorreu durante a
23ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra (Suíça), e tem
como meta chamar a atenção internacional para o fato de que a Copa de 2014 não
será apenas a festa que muitos estrangeiros esperam encontrar no Brasil.
‘ O debate mostrou ao mundo os
‘deslocamentos forçados de comunidades, destruição de patrimônio cultural,
supressão de direitos de idosos e estudantes, abusos policiais cometidos em
prol da segurança e uma longa lista de outras violações semelhantes em
decorrência de megaeventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas a serem
realizados no Brasil’ considerou um dos representantes.
Na opinião da Articulação
Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP), remoções forçadas têm sido ‘o
grande drama das famílias brasileiras desde o início das obras para a Copa do
Mundo e as Olimpíadas’. A entidade
estima que ‘ao menos 200 mil pessoas já passaram por despejos relacionados aos
eventos, o que corresponde a quase um em cada mil brasileiros”.
‘ O Brasil injetou recursos
multi bilionários em infraestrutura para dois mega eventos esportivos: a Copa e
a Olimpíada. As obras exigem mudanças urbanísticas, logísticas e humanas. Mas
quem ganha e quem perde com esse rearranjo monumental?’, questiona Juana
Kweitel, diretora de Programas da Conectas (grupo de defesa dos direitos
humanos).
‘No momento em que se abre
espaço para fazer infraestrutura sobre espaços antes ocupados por estas
comunidades, se despeja estas comunidades sem nenhuma forma de reassentamento e
com valores muito pequenos de compensação financeira (…) Ou mesmo quando se
propõe o reassentamento para estas pessoas, o fazem na periferia a 30
quilômetros do local aonde elas viviam”, afirma Raquel Rolnik, relatora
Especial da ONU sobre o direito a Moradia Adequada.
A ANCOP espera ainda que ‘a
comunidade internacional recomende ao governo brasileiro a paralisação imediata
das remoções forçadas e, em parceria com as comunidades afetadas, crie um plano
nacional de reparações e um protocolo que garanta os direitos humanos em caso
de despejos causadas por grandes eventos e projetos’.
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