Nos próximos 20 anos, as
receitas geradas pelo turismo ligado à observação de tubarões em alto mar podem
mais do que duplicar, ultrapassando os proveitos do negócio da captura para
fazer sopa de tubarão, muito apreciada na Ásia.
Por ano, estima-se que sejam capturados
38 milhões de tubarões para responder à procura pela barbatana destes
animais, sobretudo na China, para fazer sopa. Este número não está
fechado - estudos
recentes revelam mesmo que a realidade pode andar entre os 63 milhões e os
273 milhões.
O negócio
rende anualmente 630 milhões de dólares (cerca de 485 milhões de euros), mas
está em declínio, segundo especialistas do Canadá, Estados Unidos e México,
citados num estudo publicado no jornal Oryx-The International Journal of Conservation.
Por
outro lado, o ecoturismo ligado à observação de tubarões em alto mar rende 314
milhões de dólares (242 milhões de euros), um valor que deverá mais do que
duplicar nos próximos 20 anos, para 780 milhões de dólares (600 milhões de
euros), segundo as estimativas dos autores.
“Esperamos
que as pessoas reconheçam que os tubarões não são apenas valiosos no prato”,
diz à Reuters o investigador que liderou o estudo, Andres Cisneros-Montemayor,
da University of British Columbia, no Canadá.
A Ásia é o principal consumidor destes
animais, o governo japonês rejeitou reforçar as medidas de proteção do
tubarão-de-pontas-brancas, do tubarão-sardo e de três espécies de tubarões
martelo, aprovadas em Março pelos 178 países da Convenção sobre o Comércio
Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES, em inglês).
Por
outro lado, nos últimos anos, foram criados verdadeiros santuários de tubarões
em locais como Palau, Maldivas, Honduras, Tokelau, Baamas, ilhas Marshal, ilhas
Cook, Polinésia Francesa e Nova Caledónia. Nestes países, a captura e comércio
de tubarão foi proibido.
“Muitos
países têm incentivos financeiros significativos para a conservação de tubarões
e dos sítios onde eles vivem”, disse à Reuters Jill Hepp, director da
organização Pew Charitable Trusts, dedicada à conservação destes animais, e que
participou no estudo.
Segundo
o documento, o turismo leva cerca de 600 mil pessoas por ano a observar
tubarões, desde os grandes tubarões brancos ao tubarões-martelo, garantindo
assim 10 mil postos de trabalho em 29 países. Os autores esperam que os
comerciantes ligados à captura de tubarões "convertam" o negócio,
optando por ganhar dinheiro com a exploração de barcos para observação dos
animais em alto mar ou até centros de mergulho.
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