Um ataque aéreo maciço a Dresden empreendido em fevereiro de 1945 pela Força Aérea dos EUA e da Grã-Bretanha, é, do ponto de vista militar, a mais cruel e absurda ação militar realizada pelas tropas dos países aliados na Segunda Guerra Mundial.
Na sequência de uma série de ataques, foi demolida a maior parte da cidade, dezenas de milhares de habitantes locais foram mortos. Um dos sobreviventes foi o então escritor Kurt Vonnegut que, mais tarde, teria escrito o romance “Matadouro 5, ou A cruzada das crianças”.
A necessidade “imprescindível” de uma ação dessas continua em causa, sendo debatida por historiadores e investigadores. Os aliados anglo-americanos tinham acordado com Moscou os golpes aéreos a Berlim e a Leipzig, enquanto Dresden havia ficado na mira dos parceiros ocidentais. Os bombardeios se explicaram com a necessidade premente de destruir a infraestrutura industrial e a rede de transportes locais que permitisse a passagem de caravanas militares da Alemanha.
Um aspecto-chave nessa história é, sem embargo, meramente político. Naquela altura, Dresden era um alvo do Exército Soviético que chegou a controlar a cidade. Por isso, qualquer ação contra essa cidade, ainda não sob a supervisão das forças soviéticas, tinha um caráter demonstrativo: mostrar, dessa forma, o poderio militar dos aliados ocidentais e assustar a direção da URSS. E, como é óbvio, não prestar auxílio ao Exército Soviético, segundo anunciaram Washington e Londres.
Por essa altura, sobre o mundo já estava pairando a ameaça de Guerra Fria. Consequentemente, o ataque a Dresden não ajudou a resolver uma missão incumbida, mas, provavelmente, podia ter afastado o fim da Segunda Guerra Mundial. Na Alemanha, a tragédia foi usada para fins propagandísticos, em certa medida, veio contribuir para elevar o “espírito combativo” das tropas nazistas, incentivadas assim a “vingar pela morte de seus compatriotas”. O historiador militar, Alexei Isaev, considera que “a incursão aérea a Dresden constitui uma ação militar peculiar por ter sido absolutamente inútil”.
O fato de o bombardeio ter adquirido um formato demonstrativo, se destinando, sobremaneira, a impressionar a direção soviética política e militar está comprovado por um memorando das Forças Aéreas britânicas, emitido na véspera dos acontecimentos dramáticos. O documento ressalta a necessidade de “mostrar aos russos as capacidades da aviação real”.
Ora, os habitantes da cidade se tornaram vítimas “programadas” dessa carnificina. Em resultado da operação, foram queimados 12 mil prédios e mortas mais de 100 mil pessoas. Os aliados perderam cerca de 20 aviões e 100 pilotos mortos, feitos prisioneiros ou desaparecidos. O escritor e publicista, Konstantin Zalessky, chama a atenção para o fato de que “um duro ataque a Dresden veio pôr a descoberto a política anglo-saxônica cínica, cruel e exclusivamente pragmática”:
“Não se pode falar apenas do ataque a Dresden, considerada, com o pleno fundamento, uma pérola da Saxônia. Convém recordarmos ainda muitas outras cidades e vilas destruídas por bombardeios maciços, realizados, na parte da tarde pelos EUA e, na parte da noite pelo Reino Unido. Os ataques aéreos noturnos não eram seletivos e precisos, servindo, antes de tudo, para meter medo à população. Segundo demonstram os eventos do período pós-guerra, essa última meta (assustar as pessoas) não deu certo”.
Na Alemanha de hoje, há quem diga que os ataques aéreos a Dresden e outras vilas sem a importância militar estratégica devem ser qualificados como crimes militares que merecem um meticuloso exame dos tribunais internacionais. A morte de centenas de milhares de pessoas inocentes não pode ser justificada até por horríveis e imperdoáveis crimes cometidos pela Alemanha nazista. Todavia, esse tema, pelo visto, não irá constar na agenda.
Fonte: Voz da Rússia
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