Criada na Era Vargas, legislação
trabalhista recebe elogios e críticas de quem acompanhou seu envelhecimento.
Aos 70 anos, a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) recebe aplausos e vaias de três
ex-ministros do trabalho. Eles elogiam as conquistas dos empregados, mas
criticam a rigidez dos mecanismos de proteção, que acabariam por desproteger o
trabalhador. Todos concordam que as leis trabalhistas ignoram as novas relações
entre patrão e empregado.
“A CLT envelheceu.
Não podemos continuar dominados por pensamentos da década de 1940”, considera o
jurista e ex-ministro do Trabalho (1985-1988), Almir Pazzianotto Pinto, para
quem a globalização econômica e o avanço da tecnologia avançaram na direção
oposta às leis, ao mudar a dinâmica das relações de trabalho.
Pazzianotto propõe
uma reforma em fatias: primeiro, criar um estatuto trabalhista para micro e
pequenas empresas – os grandes empregadores no Brasil, na visão do jurista – e,
depois, eliminar controvérsias sobre a legalidade dos serviços terceirizados,
que sobrecarregariam o judiciário com milhares de processos. A Justiça do
Trabalho recebe uma média de três milhões de ações trabalhistas por ano.
Em 1993, quando a
CLT completou meio século, o então ministro do Trabalho (1992-1994), Walter
Barelli, tinha a ambição de promover uma grande reforma trabalhista,
aproveitando a política econômica de combate à inflação. “Queríamos criar um
sistema de leis que contentasse a todos e que não precisasse de remendos, como
os feitos hoje na CLT”, conta.
A reforma não
vingou. Segundo Barelli, faltou o apoio da indústria, representada pela CNI
(Confederação Nacional da Indústria). A primeira Conferência Nacional do
Trabalho foi também ofuscada por uma greve da CUT (Central Única de
Trabalhadores) contra a criação de uma nova moeda – a URV, que precedeu o Plano
Real – e, assim, perdeu representatividade, segundo o ex-ministro.
O economista Edward
Amadeo, que assumiu a pasta do Trabalho entre 1998 e 1999, afirma que, se
pudesse, iniciaria do zero uma reforma trabalhista. “Eu fingiria que a CLT
nunca existiu e começaria tudo de novo”. Simplificar as leis seria a melhor
solução, em sua opinião.
A criação do banco
de horas nas empresas e a medida provisória que permitiu a suspensão temporária
do contrato de trabalho – voltada para o setor de construção civil – foram duas
medidas do governo de Amadeo para tentar evitar demissões e facilitar os
ajustes das empresas em momentos de crise.
De lá para cá, a
legislação sofreu ajustes mínimos. Em março deste ano, empregados domésticos
conseguiram equiparar seus direitos trabalhistas aos de qualquer pessoa com
registro em carteira, mas a nova lei divide opiniões. A discussão, agora, é se
ela protege a categoria ou a empurra, ainda mais, para a informalidade.
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