Não
é a movimentação do oceano que importa na usina de conversão de energia térmica
do oceano (OTEC, na sigla em inglês) da Lockheed Martin. O que importa é a
temperatura da água.
A Lockheed Martin anunciou
ontem que está formando uma parceria com o Reignwood Group, de Pequim, para
construir uma usina de 10MW.
Ela utiliza a diferença
entre a água da superfície aquecida pelo sol e a água gelada das profundezas, e
vai catalisar um desenvolvimento imobiliário de baixo consumo de carbono
planejado para a ilha de Hainan, no sul da China. Vai ser a maior usina OTEC
comercial já criada quando estiver finalizada em 2017.
O físico francês Jacques
Arsene d’Arsonval descreveu os princípios teóricos da produção de energia
térmica em 1881, mas só em 1930 alguém criou uma usina desse tipo em Cuba.
Sistemas OTEC tipicamente operam usando circuitos abertos ou fechados.
Sistemas fechados, como
terá a usina em Hainan, usam um fluido com ponto de ebulição baixo, como o
amoníaco, para criar o vapor que aciona uma turbina (o amoníaco então é
recondensado usando água fria bombeada das profundezas do oceano formando,
portanto, um circuito fechado). Os sistemas abertos, por outro lado, usam o
ciclo do vapor de água do mar como fluido motor.
O
principal desafio de engenharia para esses sistemas está em como extrair mais
energia da água do mar do que o que é preciso para bombeá-la das profundezas. O
sistema é somente 6% eficiente em condições ideais (a maior parte dos projetos
de OTECs ficam entre 2% e 3% de eficiência). Mas no que perde em eficiência, o
OTEC ganha em resistência. Esses sistemas podem produzir energia 24 horas por
dia, 7 dias por semana, diferentemente de usinas eólicas ou de energia solar
que dependem do vento ou do sol.
As usinas também são
limitadas a áreas em que há, pelo menos, 40 graus na diferença da temperatura
da água durante o ano inteiro (leia: os trópicos e uma pequena faixa da costa
atlântica) e a áreas onde a água profunda está bem perto da costa (a não ser
que você construa uma plataforma OTEC flutuante, já que neste caso você pode
colocá-la onde quiser).
A usina de Hainan aprendeu
com lições de antigas usinas OTEC da Lockheed que operaram nos últimos anos no
Havaí com ajuda da Makai Ocean Engineering, do Departamento de Energia dos
Estados Unidos, e da Marinha dos Estados Unidos. “A Marinha quer uma indústria
de OTEC próspera porque vai se beneficiar dela”, diz Duke Hartman, um
representante da Makai Ocean Engineering à Scientific American. Submarinos e
navios carregando suas próprias usinas OTEC teriam alcance ilimitado, por
exemplo.
Vai demorar um
tempo até que nossos oceanos fiquem cheios de supersubmarinos, no entanto, já
que a tecnologia ainda está na sua infância. “O grande obstáculo para OTEC é a
economia de escala”, explicou Hartman. “Você consegue muito mais retorno para
seus investimentos se criar usinas maiores.” Ele estima que uma instalação com
capacidade de 100MW, o tipo que o Pentágono planeja um dia construir,
consumiria cerca de US$ 1 bilhão. [Phys Org - Ocean Energy - How Stuff Works - Wikipedia - Lockheed - Scientific American]
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