Sob acusações de excessos, a polícia turca deixou neste sábado a praça Taksim, no centro de Istambul, após dois dias de enfrentamentos com manifestantes, acampados no local. Estes confrontos envolveram o uso de canhões d'água e o lançamento de bombas de gás lacrimogêneo e deixaram dezenas de feridos.
Os manifestantes se opõem à construção de um shopping em um parque anexo
à praça que, dizem, destruirá várias árvores. O movimento, porém, se tornou
também um protesto contra o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan e seu
governo.
Um mandado administrativo ordenou a paralisação das obras no parque,
ontem, mas Erdogan colocou em dúvida a validade da decisão judicial, afirmando
que isso pode "suscitar perguntas" e "criar mais conflito."
Em um discurso transmitido pela TV, Erdogan pediu pelo fim dos
protestos. "A cada quatro anos nós realizamos eleições, e esta nação faz a
sua escolha", afirmou. "Aqueles que têm um problema com as políticas
governamentais podem expressar sua opinião dentro da estrutura da lei e da democracia...
Estou pedindo aos manifestantes que cessem imediatamente essas ações."
É um dos maiores protestos já registrados contra o governo islamita de
Erdogan, que muitos de seus opositores consideram conservador e autoritário.
O presidente da Turquia, Abdullah Gül, pediu "maturidade" em
meio à tensão surgida pelos violentos enfrentamentos. Gül disse, em comunicado,
que ter pontos de vista e opiniões diferentes "é a riqueza de uma
sociedade democrática" e acrescentou que "o importante é discutir de
forma civilizada e é preciso estar aberto ao diálogo e escutar opiniões
diferentes".
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