sábado, 29 de junho de 2013

TJ-DF ENCAMINHA DEPUTADO DONADON PARA O PRESÍDIO DA PAPUDA



Após se entregar à Política Federal na manhã desta sexta-feira (28), o deputado federal Natan Donadon (PMDB) foi encaminhado para o presídio da Papuda, em Brasília, na tarde de hoje, segundo a assessoria do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

O juiz da Vara de Execuções Penais, Ademar de Vasconcelos, decidiu que Donadon ficará em cela comum na cadeia PDF-1, porém separado dos demais presos, pois ele ainda é deputado federal. A assessoria informou que o juiz Vasconcelos afirmou que "o Estado tem a obrigação de manter a integridade física de Donadon porque ele ainda é deputado".

Segundo a assessoria do TJ-DF, Donadon cumprirá pena como os demais detentos, com direito a banho de sol e "sem regalias". O parlamentar é o primeiro deputado com ordem de prisão no exercício do mandato desde a redemocratização do país.

PRISÃO

Donadon se apresentou em uma rua de Brasília ao superintendente da PF no Distrito Federal, Marcelo Moseli, e outros policiais federais. Ele se entregou em frente a um ponto de ônibus e assinou o mandado na rua mesmo. O parlamentar terá que passar por exames e ficará preso até ser transferido para um presídio.

Ao longo de toda quinta-feira a PF utilizou informações de inteligência, seguiu carros suspeitos, fez buscas no apartamento funcional e no gabinete, além de realizar intensas negociações com os advogados do parlamentar para tentar viabilizar a prisão. Porém, o deputado não foi encontrado e preso.

Donadon fechou um acordo para se entregar de forma espontânea e se encontrou com o chefe da PF no Distrito Federal. Inicialmente, ele chegou a descumprir um acerto com a PF para se apresentar até o início da tarde. O diretor-geral da PF, Leandro Daiello, participou da negociação para que não houvesse turbulência no processo.

Foi acertado que não haveria uma exposição de Donadon. Uma das preocupações era com a imagem dele sendo preso por agentes da Polícia Federal.

O deputado começou a ser procurado desde o fim da tarde de quarta-feira. A busca partiu horas depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) determinar a imediata prisão do parlamentar.

Donadon foi denunciado em 1999. Ele foi condenado em outubro de 2010, quando o tribunal entendeu que ficou comprovada sua participação em esquema na Assembleia de Rondônia que, segundo as apurações, desviou R$ 8,4 milhões por meio de simulação de contratos de publicidade. Nesta semana, os ministros entenderam que não cabia mais chance para recursos e determinaram a prisão.

A entrega do deputado foi negociada pelo advogado Nabor Bulhões, que assumiu o caso depois da condenação em 2010. Ele foi procurado em seu gabinete por integrantes da cúpula do PMDB que fizeram a intermediação para a contratação. Na época, a recomendação do PMDB a Bulhões foi para apresentar os recursos e também entrar em campo para evitar uma eventual prisão.

O advogado ainda estuda, mas deve pedir ao STF um recurso chamado de revisão criminal, que pode ser proposto contra decisões já efetivadas.

CASSAÇÃO

Como não foi encontrado, a Câmara ainda não conseguiu notificá-lo da abertura do processo de cassação de seu mandato. Emissários da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) devem fazer hoje uma terceira tentativa.

Nesta quinta, o PPS pediu que o comando da Câmara decrete a cassação imediata de Donadon. "Não cabe às Casas do Congresso, segundo decidiu o Supremo, deliberar sobre a perda ou não do mandato do parlamentar com a sentença criminal condenatória", disse o presidente do partido, deputado Roberto Freire (SP).

A expectativa é que a questão seja rejeitada. O entendimento é que cabe ao parlamentar o amplo direito de defesa, mesmo com a condenação.

ENTENDA O CASO

24.jun.1999 Natan Donadon e outras seis pessoas são denunciados por desvios em contratos de publicidade da Assembleia de Rondônia de 1995 a 1998.

4.nov.2002 A denuncia é recebida pelo TJ-RO (Tribunal de Justiça de Rondônia), menos de um mês após Donadon ser eleito deputado federal. Como os deputados federais têm foro privilegiado, o caso sobre então para o Supremo.

28.out.2010 Supremo condena Natan Donadon a 13 anos, quatro meses e dez dias de prisão, em regime fechado, por peculato e formação de quadrilha.

13.dez.12 STF nega primeiros recursos

26.jun.2013 Supremo nega os segundos recursos e ordena prisão.
 
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