Tomando como base somente as arenas, o Brasil pode dizer que está 66,6% pronto para o Mundial. No mesmo período, em 2006, a Alemanha estava 100% pronta, enquanto a África do Sul, em 2010, poderia se considerar 80% preparada para receber o torneio.
Os números são de um levantamento feito pela BBC Brasil para traçar um comparativo com os dois últimos Mundiais e constatar em qual estágio estavam os alemães e os sul-africanos a 100 dias da Copa considerando apenas as obras nos estádios.
Na Alemanha, em janeiro de 2006, faltando ainda cinco meses para o início do torneio da Fifa, as 12 arenas que abrigariam jogos do Mundial já estavam prontas e testadas. O último gramado a ser entregue ficou pronto em novembro de 2005 e, no início de 2006, os 12 palcos da Copa já haviam recebido pelo menos um jogo oficial.
As arenas alemãs já eram utilizados nas próprias partidas do Campeonato Alemão durante a temporada 2005-06 e não apresentaram maiores problemas para a Fifa.
Na África do Sul, em 2010, porém, os 100 dias que antecederam o início da Copa não foram tão tranquilos. O país sul-africano chegou à reta final da contagem regressiva com oito dos 10 estádios prontos e testados pelo menos uma vez, mas acumulou problemas nos outros dois que faltavam.
Estádio da abertura e da final da Copa de 2010, Soccer City ficou pronto em cima da hora
A grande preocupação da época era com o Soccer City, em Johanesburgo, estádio que seria palco da abertura e da final da Copa do Mundo de 2010. A arena em si estava pronta no início do ano, mas os trabalhos no entorno dela só permitiram um teste oficial em maio, faltando apenas um mês para o início do Mundial.
O estádio Mbombela, em Nelspruit, foi outro que causou preocupações à Fifa e também só pode ser testado no meio de maio, a menos de 30 dias da Copa.
Brasil a 100 dias
No caso do Brasil, o quadro dos estádios faltando 100 dias para o Mundial se assemelha ao da África do Sul. O país não conseguiu cumprir o prazo da Fifa de entregar as 12 arenas em dezembro e agora corre contra o tempo para finalizar as últimas quatro – Manaus, Cuiabá, Curitiba e São Paulo.
Além dos seis estádios utilizados na Copa das Confederações, outros dois foram entregues nos últimos dois meses e já começaram a receber os primeiros testes – Arena das Dunas, em Natal, e Beira-Rio, em Porto Alegre. Este último, porém, apesar de já estar recebendo jogos do Internacional (clube gaúcho que administra o estádio), ainda passa por algumas obras de acabamento.
As maiores preocupações da Fifa recaem sobre Curitiba (Arena da Baixada) e São Paulo (Arena Corinthians), que devem entregar os estádios em meados de maio, faltando um mês para o início da Copa.
Operários ainda trabalham para finalizar espaçamentos na cobertura do Beira-Rio
A Arena Corinthians será palco do jogo de abertura do torneio, entre Brasil e Croácia, no dia 12 de junho. Por conta do acidente ocorrido na obra em novembro, quando a queda de um guindaste provocou a morte de duas pessoas, o estádio teve seu cronograma atrasado.
A expectativa era de que ele ficasse pronto em abril, mas o secretário da Fifa, Jérôme Valcke, avisou, em entrevista coletiva no último final de semana, que "a arena não estará pronta antes de maio."
O caso de Curitiba foi mais complexo e quase custou a exclusão da cidade da Copa do Mundo deste ano. A Arena da Baixada só foi confirmada como sede do torneio há duas semanas, após um voto de confiança de Valcke nos organizadores da Copa na cidade. Agora, os governos locais trabalham junto com o Atlético-PR (clube administrador da arena) para finalizar os trabalhos a tempo.
Enquanto isso, a Fifa tem minimizado os atrasos brasileiros e utilizado um discurso otimista. "Todos os problemas estão sob controle e, daqui 100 dias, teremos um começo excepcional para uma competição excepcional", disse o presidente Joseph Blatter ao site da entidade.
Semelhanças e diferenças
A 100 dias da Copa da Alemanha, em 2006, os organizadores tinham que lidar apenas com preocupações extra-campo – como a chegada de torcedores violentos (hooligans) de outros países e a possibilidade de incidentes racistas ocorrerem no torneio.
Já na África do Sul, quatro anos depois, a Fifa passou pelos mesmos problemas de organização que tem vivido no Brasil.
Antes da Copa das Confederações, a entidade acabou excluindo o estádio Nelson Mandela, em Porto Elizabeth, da competição por temer que ele não ficasse pronto a tempo. O torneio foi realizado em cinco arenas, sendo que algumas delas foram entregues de última hora.
Por tudo isso, o Comitê Organizador sul-africano teve que lidar com rumores de que a Fifa teria um "plano B" para caso a África do Sul não se mostrasse capaz de sediar a Copa.
Apesar dos problemas que antecederam o torneio, a Copa de 2010 foi considerada um sucesso
Mas, a 100 dias da Copa, o discurso era de que o país estava pronto.
"Se podemos sediar uma Copa do Mundo inesquecível na África? Sim, nós podemos, estamos esperando e estamos prontos", disse o CEO do Comitê, Irvin Khoza, à época.
As questões que antecederam os Mundiais de 2006 e 2010, porém, não interferiram no resultado final - os dois torneios ocorreram normalmente e foram bem-sucedidos.
O Brasil ainda tem alguns desafios a serem superados na contagem regressiva para entregar, em junho, a "Copa das Copas" prometida pelo governo brasileiro.
Fonte: BBC Brasil
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