Há quinze anos, um novo ponto quente apareceu no mapa da Europa – em 24 de março, a aviação dos EUA e da OTAN começou o bombardeamento da Iugoslávia, que continuou mais de dois meses.
A agressão do Ocidente matou quase dois mil habitantes civis.
O ataque da Aliança Atlântica Norte contra a Iugoslávia foi um dos atos finais da campanha de muitos anos do Ocidente contra este potente Estado nos Balcãs. Bombas e foguetes lançados de noite sobre Belgrado, Pristina e outras cidades sérvias terminaram a formação de um novo mapa da Europa de Leste, disse à Voz da Rússia Alexander Bovdunov, perito em assuntos políticos:
“Formava-se um foco de tensão na Europa, impedindo-a de firmar-se como um centro geopolítico independente e, ao mesmo tempo, esmagavam-se e destruíam-se forças que poderiam ser aliados do mundo russo, em primeiro lugar a Sérvia e sérvios. Não é por acaso que neste conflito os EUA e a Europa, que estava sob seu controle, apoiaram primeiro os croatas e posteriormente decidiram estrangular o Estado sérvio, minimizando sua influência nos Balcãs através do desenlaçamento do conflito em torno do Kosovo”.
Um dos principais objetivos que perseguiam os Estados Unidos era mostrar ao mundo que eles podem impor sua vontade e dispor de qualquer território na Europa. Assim, graças aos atos de Washington, surgiu a República do Kosovo, um pseudoestado, cuja única missão era transformar-se em mais uma praça de armas dos EUA, considera um analista, Vassili Kashirin:
“Este é seguro e fiel satélite do Ocidente, onde se encontra a maior base dos americanos no continente europeu. Os Estados Unidos construíram no Kosovo uma verdadeira cidade-fortaleza militar. Chegaram lá para dezenas de anos e não pretendem abandoná-la. Desde o ponto da força militar grosseira dos EUA, do imperialismo americano esta operação foi um triunfo evidente”.
Destroçando o Estado iugoslavo em várias pequenas repúblicas e enclaves, o Ocidente não quis parar. Graças à política de “democracia alada” semeou ruína no Iraque, Afeganistão e Líbia e já planejou dar cabo da Síria insubmissa, quando falhou o mecanismo de influência unipolar – a via de política euro-atlântica foi barrada pela Rússia, continua Vassili Kashirin:
“A distribuição global das forças no mundo sofreu alterações. A Rússia já não foi tão fraca como em 1999 e isso foi mostrado claramente pelo país no ano passado no decorrer da crise síria, quando graças à sua diplomacia razoável e posição de princípio Moscou impediu que o Ocidente empreendesse agressão armada contra a Síria”.
A Crimeia foi mais um lapso do euro-atlantismo. O Ocidente tenta fazer passar a razoável vontade de Moscou, explicável desde o ponto de vista humano, de defender a população russofalante da península contra nacionalistas radicais por uma agressão armada contra a Ucrânia. Ao mesmo tempo, os resultados da livre expressão da vontade dos habitantes da Crimeia de unir-se com a Rússia são considerados na Europa como violação da integridade territorial do Estado ucraniano.
Em palavras de Vassili Kashirin, tal reação da Europa Ocidental e dos EUA é obediência refletora à política de padrões duplos. Mas os tempos já mudaram e esta política não será mais tão eficaz como antes por ser demasiado evidente para todo o mundo.
Fonte: Voz da Rússia
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