A greve dos garis é consequência do mau funcionamento de um corpo social e político. Por Daniela Lima
O que é estar morto? É quando o corpo deixa de funcionar. Parece uma pergunta simples, mas não é: todas as questões acabam recaindo na dicotomia funciona/não funciona.
O que não funciona está morto. Logo apodrece. Cheira mal. Contamina.
É exatamente assim que está o Rio de Janeiro – e bem antes da greve dos garis. A greve é consequência do mau funcionamento de um corpo social e político. De uma sujeira que tentamos limpar, esconder e reciclar, mas que agora é visível e material. Uma sujeira incômoda, que não se pode evitar. Sublimar.
Não é surpresa que a tendência seja culpar os garis, já que o serviço deles não está funcionando.
E qual é a solução para que volte a funcionar? Ameaçar com demissões em massa, pressionar a população para que se fixe no único problema que parece real: a cidade está imunda? Ou refletir sobre a real origem da imundice?
Ainda que os garis voltem ao trabalho e que a cidade esteja visivelmente limpa, vamos continuar apodrecendo. É curioso que o lixo tenha aparecido no carnaval, uma festa que durante muitos anos era a única chance de visibilidade de uma parte desprezada do corpo social.
Quem quer saber de Nilópolis, Duque de Caxias ou Borel durante o ano todo? Quem quer saber dos garis? O lixo nas ruas é, por fim, a visibilidade. E a visibilidade é o avesso da morte.
Estar vivo não é funcionar, afinal. É se dar conta do seu papel para o mau funcionamento. Que corpo social e político é esse que nós ajudamos a fazer funcionar, adoecer, paralisar... a sujar?
Daniela Lima é escritora
Fonte: Carta Capital
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