As Tropas de Mísseis Estratégicos (TME) destacam-se entre todos os restantes ramos das Forças Armadas pelo seu objetivo: nunca combaterem, mas, mesmo assim, estarem sempre prontas para a guerra. Para a mais terrível de todas as possíveis: com o emprego de mísseis nucleares a nível global.
A lógica cruel da contensão nuclear obriga a manter as TME ao grau de prontidão máxima. Hoje, as TME, juntamente com as restantes partes da tríade nuclear, são gradualmente renovadas.
Ao falarmos das componentes concretas do poderio combativo das TME hoje, é necessário assinalar que a atual renovação do potencial desse importantíssimo ramo das forças armadas é, em grande parte, mérito do Instituto de Engenharia Térmica e da Fábrica de Votkinsk, respectivamente criador e produtor dos mísseis intercontinentais Topol, Topol-M e Yars.
Quando, em 1997, começou a fabricação em série dos Topol-M instalados em bunckers, já se supunha que esses mísseis e os Yars criados na sua base – tanto fixos como móveis – iriam se tornar a base do potencial militar das TME. Além disso, os complexos móveis eram vistos como os mais promissores. Porém, sendo capazes de proteger o míssil instalado no seu interior mesmo de explosões nucleares próximas, eles já não garantem a defesa de um choque direto de uma munição de alta precisão na tampa de um buncker, e as possibilidades dessas munições ficaram bem demonstradas precisamente nos anos 90.
Não obstante, os mísseis monobloco – e os Topol-M, tanto fixos, como móveis – portam apenas uma munição, não garantem prejuízos irreversíveis. Principalmente no caso do primeiro ataque da parte do “provável adversário” e da anunciada instalação do sistema de defesa antimíssil (DAM), que será capaz de interceptar os misseis que escaparem a esse ataque. A resposta a esse desafio foi o Yars, que combina a mobilidade com a capacidade de portar várias ogivas, pois esse míssil transporta quatro ogivas. Em combinação com o complexo de meios de ruptura do DAM, isso garante, que, no mínimo, parte das ogivas atinja o alvo.
A Divisão Teikovskaya, dois regimentos da qual foram reequipados com Topol-M móveis e dois com Yars, tornou-se a primeira unidade completamente equipada com novos sistemas. Ela tem 36 rampas de lançamento e mais de 70 ogivas.
A importância dos complexos móveis nas TME aumentou várias vezes quando o Tratado START-3, assinado por Barack Obama e Dmitri Medvedev, retirou as limitações às regiões de instalação de complexos móveis. É impossível adivinhar de que ponto da enorme região operativa será feito o lançamento, complica significativamente a sua detecção atempada e intercepção. A mobilidade é, hoje, a defesa mais segura.
Os Yars devem, nos próximos 10 anos, substituir completamente os Topol nas TME. Se essa tarefa for resolvida, ficará cumprido o programa mínimo de prontidão militar das TME quando for instalado o sistema DAM dos EUA. O programa máximo depende não só dos meios concedidos às forças nucleares estratégicas. Estes sistemas necessitam também de defesa. Hoje, é necessário criar regiões defendidas, protegidas por um sistema de defesa aéreo-espacial. Nelas, os complexos de mísseis móveis ficarão seguramente defendidos do primeiro ataque. Os 190-200 Yars, que serão fornecidos até 2020, substituirão nas TME os 170 mísseis RS-12M Topol fabricados nos anos de 1980 e 1990 e garantirão um número suficiente de lançamentos de treino. Continuarão em serviço mais 70 mísseis Topol-M produzidos entre 1997 e 2011, parte dos quais será utilizada em lançamentos no quadro do trabalho com vista a prolongar o recurso atribuído.
Mas nem todos estão de acordo com a perspectiva da retirada de mísseis líquidos das TME. Precisamente por isso surgiu o projeto de um novo míssil líquido. Programado para substituir o RS-20 Voevoda, a sua produção irá começar em finais deste ano.
Durante muito tempo, os mísseis balísticos intercontinentais líquidos instalados em bunckers constituíram a base do poderio militar da URSS e, hoje, têm um papel de relevo no arsenal nuclear da Rússia. A retirada gradual de funcionamento desses mísseis, devido ao esgotamento da validade, tornou-se uma das principais causas do declínio do potencial nuclear russo. Até há pouco tempo, o monobloco Topol-M era o principal meio fornecido às TME. Depois veio o Yars, mas as suas 3-4 ogivas são insuficientes para se tornarem num substituto válido dos Voevoda RS-20, conhecidos no Ocidente como Satã. Nestas condições, a criação de um míssil líquido instalado em buncker da nova geração seria considerada sensata, porque o multi-ogivas aumenta as possibilidades de, no mínimo, parte das ogivas ultrapassarem o sistema DAM.
Porém, por detrás do poder de atração dessa decisão estão escondidos sérios problemas. As rampas de lançamento em buncker podem salvar o míssil quase de tudo: mesmo uma explosão nuclear a poucas centenas de metros não garante a destruição do míssil. Porém, o desenvolvimento de sistemas de alta precisão cumpre os seus objetivos: a partir de agora, qualquer buncker pode ser destruído ao ser atingido uma ou duas vezes por uma munição convencional com várias centenas de quilos de substâncias explosivas. A ameaça de um primeiro ataque neutralizante com o emprego de armas de alta precisão tornou-se uma das causas da transferência do “centro de gravidade” das TME para os sistemas móveis e do aumento da parte da armada de guerra na tríade nuclear. Os complexos móveis, capazes de se dispersar rapidamente, tornaram-se num alvo mais difícil. Nem satélites, nem aparelhos aéreos não pilotados garantem a detecção desses aparelhos. A possibilidade de mudança rápida de posição, a inacessibilidade de parte significativa do território da Rússia à espionagem por satélite devido às condições meteorológicas, as enormes distâncias que têm de superar os aparelhos não pilotados, tudo isso dá vantagens significativas aos sistemas móveis em comparação com os bunckers.
Por isso, a decisão de elaboração rápida e fabricação de um novo míssil instalado em buncker não pode ser um passo sério rumo ao aumento das possibilidades das TME. E, por enquanto, ainda não é tarde para rever essa decisão.
Fonte: Voz da Rússia
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