Os
estudantes Catarina e João Antônio Santos Abi-Eçab morreram em 9 de novembro de
1968. Até 2001, a versão da ditadura prevalecia: o carro do casal teria
colidido com um caminhão na BR-116, próximo a Vassouras (RJ), e explodido por
conta dos explosivos que eles supostamente carregavam no porta-malas. A mentira
do regime foi desvendada por reportagem de Caco Barcellos, da rede Globo.
A família autorizou a exumação do corpo de Catarina, e um laudo mostrou que ela
havia sido morta com um tiro. Na época, o militar Valdemar Martins de Oliveira
confirmou a execução dos dois, mas não disse quem as teria cometido.
Nesta quinta-feira 16, em depoimento à Comissão
Estadual da Verdade, Oliveira foi além. O ex-militar descreveu em
detalhes a morte de Catarina e João Antônio e atribuiu o duplo assassinato a
Freddie Perdigão Pereira. “O comandante da operação disse: 'esses aí não servem
para mais nada'. E deu um tiro na cabeça de cada um,” descreveu o
ex-militar.
O casal teria sido
pego pelo Exército no bairro da Vila Isabel, na zona norte do Rio de Janeiro, e
levado até uma chácara em São João de Meriti, onde ocorreu o assassinato. Eles
teriam sido mortos após serem algemados e jogados no chão, com esparadrapos em
suas bocas. Antes, ainda segundo Oliveira, teriam apanhado com tapas e
socos. Um militar identificado como Miro teria apertado o pescoço do rapaz com
um cinto. Pela versão de Oliveira, após dar um tapa em Catarina, Miro foi
chamado por ela de covarde. Em seguida, a estudante apanhou até ficar
desacordada. “Tiraram a roupa dessa moça, deram choques e bateram. Até que, em
dado momento, ela já não respondia mais.”
Segundo
Oliveira, o então soldado Guilherme Pereira do Rosário também estava presente.
Rosário e Pereira participaram do ataque frustrado ao pavilhão Riocentro, mais
de 10 anos depois. Na ocasião, uma bomba teria explodido e matado Rosário
dentro de um carro antes de chegar ao local.
Trabalhos de
espionagem
Oliveira
conta que fazia trabalhos de espionagem para os militares antes da morte do
casal. Ele afirma ter sido chamado para essas tarefas porque teve um bom
desempenho em treinamentos anteriores, sendo o primeiro colocado da sua turma
no Exército. No dia dos assassinatos, Oliveira diz ter protestado contra
os outros militares. “Eu não concordava com aquilo. Então me pegaram pelo
pescoço e me colocaram na parede. Diziam que eu era comunista, esquerdista,
estava mudando de lado. E dali mandaram eu ir embora”.
Oliveira
diz que queria voltar ao trabalho de militar normalmente, pois havia entrado no
Exército para ser paraquedista. Segundo ele, no entanto, militares o buscaram
na casa da sua mãe para que ele voltasse a fazer trabalhos de espionagem. Seu
novo trabalho seria na zona oeste de São Paulo, onde havia vários bares.
Oliveira conta ter se recusado. “Devido à minha insistência em não ir,
começaram a me agredir dentro da casa da minha mãe, quebraram meus braços e
agrediram a minha mãe”, conta. “No outro dia, fui embora dali porque prometeram
que iam voltar e que a coisa ia complicar. E muita gente sabe o que significa a
gente ir contra os ditames daquela época.”
Depois
disso, Oliveira conta ter entrado na clandestinidade. Morou no Chile durante
cerca de um ano e só reapareceu em 1978 no Brasil. Oliveira já havia prestado
um depoimento fechado à Comissão da Verdade nacional, mas esta foi a primeira
vez que contou sua história em público.
Segue o link
do Canal no YouTube e o Blog
http://www.youtube.com/naoquestione
http://nao-questione.blogspot.com.br/?view=flipcard
Gostaria de adicionar uma sugestão, colabore com o NÃO QUESTIONE
http://nao-questione.blogspot.com.br/?view=flipcard
Gostaria de adicionar uma sugestão, colabore com o NÃO QUESTIONE
Nenhum comentário:
Postar um comentário