O recrutamento de médicos estrangeiros para
trabalhar no País deixará de fora bolivianos e paraguaios. Isso porque a
procura por profissionais será feita apenas em países que apresentem relação de
pelo menos 2 médicos por mil habitantes – condição que nenhum desses dois
vizinhos atende. Além disso, os médicos que forem convocados em outros lugares
só poderão trabalhar na atenção básica. “Esses profissionais não vão chefiar
UTIs”, afirmou, na terça-feira, 14, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
durante encontro com a Frente Nacional de Prefeitos. “E a prioridade será dada
para profissionais de Portugal e da Espanha”, disse.
A polêmica começou na semana passada quando o
ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, informou que o governo
planejava lançar um projeto para contratação de 6 mil médicos cubanos. Na
terça-feira, 14, Padilha procurou mostrar que a iniciativa não ficará limitada
a Cuba, tentou afastar o “fantasma” da contratação de médicos da Bolívia (cujo
nível de ensino é questionado por entidades brasileiras) e dar o tom de uma
medida já testada em outros países. Ele citou o Canadá, que abre programas para
profissionais em áreas carentes.
Condições ruins de trabalho
Desde o ano passado, o governo estuda alternativas
para combater a falta de vagas em áreas remotas. A ideia em estudo é um
chamamento internacional para médicos. Padilha fez questão de afirmar que os
detalhes finais do projeto ainda não estão fechados.
Mas o presidente do Conselho Federal de Medicina
(CFM), Roberto D’Ávila, diz duvidar que profissionais de outras nacionalidades
venham para o País. “Essa história de médico de Portugal e da Espanha é cortina
de fumaça. O que eles querem mesmo é recrutar médicos cubanos, que estão
acostumados a trabalhar em condições ruins e não contestam. Prefeitos querem
médicos escravos.”
Na prática, o governo admitiu na terça-feira, 14, a
“importação” de médicos não aptos para procedimentos de alta complexidade.
Roberto D’Ávila afirma que a ideia de se recrutar apenas para atenção
básica é uma espécie de recibo, dado pelo próprio governo, de que os
profissionais que virão não terão conhecimento suficiente.
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