Pode parecer uma tarefa bonita, quando vista na TV.
Mas saiba que é bastante trabalhoso resgatar ou até mesmo remover o corpo de
baleias encalhadas.
Notícias
de baleias encalhadas em praias são razoavelmente frequentes. E, seja onde for,
elas causam comoção e acabam envolvendo até mesmo a população local, que ajuda
a manter as baleias bem hidratadas e a minimizar ao máximo possível os efeitos
da situação.
Por que as baleias encalham?
Existem
diversas razões para que uma baleia chegue a regiões tão rasas de uma praia que
não consiga mais voltar para o mar, tanto naturais quanto ambientais —
dificuldades para dar a luz, infecções, fraqueza devido à velhice, tempestades
ou até mesmo o fato de estarem sendo caçadas por baleeiros perto demais da
costa.
Outra
coisa para o encalhamento de baleias é o fato de que elas costumam seguir suas
presas. Portanto, cardumes de peixes ou grupos de lulas podem acabar se
refugiando em águas mais rasas como modo de escapar de seus predadores.
Outro
ponto a ser levado em consideração é que as espécies que mais encalham, de
acordo com um artigo da Deafwhale Society, se alimentam de espécies
que vivem em uma das profundidades mais sensíveis a terremotos.
Como
se não bastasse, também existem indícios de que a presença de sonares para fins
militares, por exemplo, podem levar as baleias a encalharem.
Riscos dificultam salvamento
Apesar
de terem pulmões, as baleias são animais aquáticos e precisam da água para
sobreviver. Logo, essa é a causa mais evidente para o risco de vida que esses
mamíferos correm. Porém, estar longe de seu habitat natural causa efeitos bastante
desagradáveis nas baleias e, apesar de não poderem ser vistos a olho nu, acabam
compondo uma verdadeira sessão de tortura para esses cetáceos.
Para
começar, o corpo das baleias perde o controle de temperatura e umidade, e o
calor da praia começa a desidratá-las rapidamente. É por isso que, em
reportagens de encalhamento de baleias, sempre há alguém a molhando
constantemente. E, sempre que possível, é importante arrastá-la o quanto antes
de volta para o mar.
Além
disso, a massa corporal da baleia é apoiada pela água enquanto ela nada. Quando
o animal está em uma região mais rasa, ele acaba sendo comprimido pelo próprio
peso. E a pior parte é o fato de que os pulmões da baleia também acabam
comprimidos, dificultando a respiração e sufocando o animal.
Por
mais que as autoridades e a população tentem, não é fácil salvar uma baleia
encalhada. Com tanta complicação por estar fora da água, não são raras as
mortes dos cetáceos. E depois que isso acontece, chega a hora de enfrentar um
problema muito grande: como se livrar da carcaça de um animal de, digamos, 8
toneladas?
Em
entrevista para o Los Angeles Times, os cientistas Joseph R. Geraci e Valerie
J. Lounsbury declaram que o melhor a fazer seria simplesmente “virar as costas
e ir embora”, deixando a natureza tomar conta do problema. Porém, isso não é
possível em cidades costeiras.
Quando
um pequeno rato ou gato morre atropelado, o corpo em decomposição já exala
odores capazes de provocar vômito em muita gente. Imagine, então, do que é
possível uma baleia com muitos metros e milhares de quilos.
Devolver
o corpo do animal para o mar não é uma boa escolha, já que a maré tende a
retorná-lo para a areia da praia. Muitos também cogitam a possibilidade de
afundar o cadáver com âncoras. Mas o problema é que a baleia morta flutua muito
bem e seriam necessárias inúmeras âncoras para afundar 30 ou 40 toneladas de
matéria orgânica.
Nada de explodir baleias
E
tem a pior de todas as opções: explodir a baleia morta. Essa foi a medida
adotada em 1970, em uma praia de Florence, Oregon, nos Estados Unidos. O
resultado da explosão foi catastrófico, com pedaços do corpo da baleia se
espalhando por um raio de até 240 metros.
Para
explodir o animal, de 14 metros, foi usada meia tonelada de dinamite.
Estacionamentos, prédios e até carros foram atingidos pelos pedaços de baleia.
O prejuízo foi grande e apenas parte da carcaça desapareceu: o restante
continuou na praia. Para piorar a situação, os pássaros que ajudavam a comer a
carcaça se assustaram com a explosão e desapareceram do local.
O
incidente ficou famoso e ainda hoje serve de lição sobre o que não se deve
fazer no caso de um cadáver de baleia aparecer em praias.
Método menos agressivo
Em
áreas remotas, cadáveres de baleias podem ser cremados. Em 1979, por exemplo,
41 baleias encalharam em Oregon e, para não repetir o fiasco de antes, os
cientistas resolveram queimar e enterrar os corpos depois de estudá-los. O fogo
durou dois dias e, felizmente, não havia vizinhos por perto para reclamar do
odor.
Toda
vez que um desses animais aparece morto, ele gera uma crise. No mês passado, o
corpo de uma baleia azul de 70 toneladas foi encontrado na Califórnia. As
autoridades cortaram e enterraram as partes do animal a uma profundidade de
quase 5 metros e, mesmo assim, algumas acabaram sendo desenterradas e devoradas
por aves.
Como
se pode ver, ainda não existe uma solução realmente eficaz de resolver esse
problema. Porém, apesar de não serem perfeitos, esses ainda são métodos melhores
do que usar meia tonelada de dinamites para resolver o problema.
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