A primeira união da Crimeia com a Rússia aconteceu em 1783. Até então a península fazia parte do Império Otomano.
Pela Crimeia combateram grandes chefes militares russos, tais como Alexander Suvorov, Mikhail Kutuzov e Piotr Rumyantsev. Suvorov foi mesmo condecorado com a “medalha de ouro pela união da península da Crimeia ao Império Russo”.
Tudo começou quando, em 1768, na Polônia, que fazia parte do Império Russo, o Sejm (parlamento) decidiu igualar em direitos os cristãos ortodoxos e católicos, o que provocou a revolta dos poloneses que pediram ajuda à Turquia. Assim começou a Guerra Russo-Turca de 1768-1774.
No dia 27 de janeiro de 1769, um exército tártaro de 70 mil homens atravessou a fronteira russa, mas só conseguiu alcançar o sul da Ucrânia, onde foi travado pelos regimentos de Piotr Rumyantsev. Nessa altura, Catarina II enviou um édito ao comandante do 2º exército russo Piotr Panin: “Não será possível abalar a fidelidade da Crimeia e de todos os povos tártaros à Porta Otomana?” Em julho de 1770 os tártaros, depois de terem sido derrotados por Piotr Rumyantsev no sul da Moldávia, dirigiram ao general Panin um pedido de permissão para regressarem aos seus locais de origem nas margens do mar de Azov e do mar Negro. Foi-lhes colocada a condição de se submeterem à soberania russa, a qual foi aceite pelos tártaros.
Em setembro de 1770, o khan da Crimeia, Selim Giray, penetrou as barreiras defensivas russas e entrou na Crimeia. A ele se opunha o 2º exército russo do general príncipe Vassili Dolgoruky que, com os seus 40 mil homens, derrotou o exército do khan de 70 mil homens reforçado pelos 7 mil elementos da guarnição turca da fortaleza de Perekop. Depois dessa vitória, Dolgoruky recebeu o murzá tártaro Izmail que trazia uma declaração, assinada por 110 tártaros nobres, de amizade eterna e união indestrutível com a Rússia. Sahib Giray, partidário da amizade russo-tártara, passou a ser o novo khan da Crimeia. Em 1772 ele assinou em Karasu-Bazar um acordo com o príncipe Dolgoruky, pelo qual a Crimeia era declarada como um canato independente sob proteção da Rússia.
Esse acordo foi formalizado pelo Tratado de Kuchuk Kainarji de 1774 entre a Rússia e a Turquia, que definiu a fronteira da Rússia no noroeste do Cáucaso pelo rio Kuban e a cedência à Rússia de parte da área costeira marítima com as fortalezas de Kerch, Enikale e Kinburn. A Crimeia passou a ser independente sem possibilidade de transição para o domínio de terceiros, caso contrário teria de ser devolvido automaticamente à dependência da Turquia.
Mas a Turquia, apesar de ter concordado em reconhecer a independência da Crimeia, se estava preparando para uma nova guerra. Devlet Giray, irmão do khan pró-russo Sahib Giray, desembarcou em julho de 1774 com as suas tropas em Alushta. Nesse combate foi ferido num olho o comandante de batalhão Mikhail Kutuzov, futuro vencedor de Napoleão. Em novembro de 1776, as tropas russas entraram na Crimeia. Devlet Giray retirou por mar para Istambul com as suas tropas turcas. O adversário do khan nessa batalha foi o tenente-general Alexander Suvorov.
Não se tendo conformado com a perda de território, a Turquia tentou voltar a se apoderar do Canato da Crimeia e das terras a norte do mar Negro. Mais uma revolta dos tártaros da Crimeia, fomentada pela Turquia no outono de 1781, terminou com a abdicação de Shahin Giray e a transferência da Crimeia para a Rússia. O manifesto de Catarina II de 08 de abril de 1783 incorporou a Crimeia no território do Império Russo. Em junho desse ano o príncipe Potyomkin aceitou o juramento de fidelidade à Rússia por parte da nobreza e dos representantes de todas as camadas da população da Crimeia.
Por disposição de Catarina II, depois da incorporação da Crimeia, para a península foi enviada a fragata Ostorozhny para escolher uma boa enseada na parte sudoeste da sua costa. A imperatriz ordenou, através do seu decreto de 10 de fevereiro de 1784, que aí fosse fundado “um porto militar com seu almirantado, estaleiros navais, fortaleza e torná-lo em cidade militar”, tendo ela própria batizado a cidade de Sevastopol (Cidade Magnífica). Juntamente com Teodósia e Kherson, Sevastopol foi declarada cidade aberta a todos os povos amigos do Império Russo.
Passados 230 anos, a Crimeia realiza um referendo para mais uma unificação com a Rússia.
Fonte: Voz da Rússia
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