Relógios de pulso inteligentes? Que nada. Nós já passamos para os anéis inteligentes, gadgets mágicos que controlam o mundo com um movimento da mão. Eles começaram a pipocar em sites de crowdfunding, mas ainda não chegaram a nossos dedos. Isso porque, apesar das promessas extravagantes que os acompanham, a maioria dos anéis inteligentes simplesmente não funcionam ainda. E talvez nunca vinguem.
Nós não deveríamos ficar animados com uma nova tecnologia? Devemos, sim. Os “smart rings” querem antecipar um futuro com mais gestos e menos hardware – pena que fazem isso da forma menos prática possível.
Vários anéis inteligentes nos chamaram a atenção ao longo dos últimos meses, todos com aquele ar de vaporware – como o Smarty Ring e o Fin. Este mês, temos o Ring, um anel Bluetooth que supostamente permite a você fazer de tudo: escrever e-mail, enviar dinheiro a um amigo próximo, tudo movendo o dedo no ar. Veja só:
O Ring ainda permite receber notificações via vibração e luz LED, e vai oferecer um SDK para desenvolvedores e apps na futura Ring Store. Ele já arrecadou quase US$ 700.000 no Kickstarter, apesar de só existir em forma de protótipo.
Muitos estão oferecendo anéis inteligentes, mas por enquanto nenhuma empresa conseguiu fazer com que um deles chegue até os consumidores. Por que não? Entrei em contato com um designer industrial e um especialista em wearables para descobrir.
Nem todos os dispositivos vestíveis são criados iguais
Estamos no meio de uma obsessão por wearables. Óculos! Pulseiras! Relógios! Sutiãs! (É sério.) São acessórios usados pela maioria da população, então parece que um anel é o próximo passo. Era isso ou brincos, eu acho.
Mas só porque um relógio funciona como wearable – e ainda nem é perfeito nisso – não significa um anel pode seguir o mesmo caminho. Quando o hardware fica pequeno demais, ele se torna cada vez menos útil. Vamos chamar isto de “lei dos retornos gadgets decrescentes”.
“Essa é a faca de dois gumes dos wearables”, diz Gadi Amit, fundador da empresa NewDealDesign e designer da câmera Lytro e do monitor de atividade física FitBit. “Alguns acessórios funcionam bem como wearables, e outros são forçam a barra. Eu não acho que os forçados vão continuar no futuro.” Hoje, não há nada mais forçado do que um anel digital.
Um anel inteligente funcional é incrivelmente difícil de se fazer…
Don Lehman é um designer industrial de Nova York, cujo primeiro grande projeto foi financiado no Kickstarter em 2011. Ele também compartilha do ceticismo de Amit. “Wearables são difíceis”, ele me disse. “Ninguém acertou 100% nas pulseiras, então como podemos esperar que essa mesma tecnologia encolha ainda mais em anéis?”
Por exemplo, a Jawbone tirou do mercado o UP, seu monitor de atividade física, por um ano – o desempenho dele era desastroso. A versão relançada ainda tem seus problemas. E isso é um dispositivo muito maior do que um anel inteligente, e feito por uma equipe com vasta experiência no espaço de wearables.
Encontrar espaço para todos os sensores – e a bateria! – em uma pulseira ou relógio já é um campo minado. Imagine fazer o mesmo com um anel. O Ring, por exemplo, tem bateria que aguenta só 1.000 gestos: tente escrever algo mais longo, e você precisará recarregá-lo. A miniaturização está avançando rapidamente, mas ainda não chegou lá.
É difícil que um anel dê certo, a menos que ele tenha uma função bastante específica – tal como autenticação e segurança. Por exemplo, temos o NFC Ring, um sucesso no Kickstarter e único anel inteligente que está sendo realmente produzido. Ele usa NFC para desbloquear seu smartphone, trancar e destrancar sua porta (com fechadura inteligente) e compartilhar URLs e contatos. Só isso. Ele é resistente a água e não precisa ser recarregado.
Também não está totalmente claro se é seguro, a longo prazo, manter uma bateria e um monte de sensores conectados a você. É por isso que John McLear, designer do NFC Ring, tinha algumas perguntas a fazer na página do Ring no Kickstarter:
Por favor, você pode postar uma imagem real do anel (não uma renderização)? Qual é o material do anel? Se for de plástico, qual é o tipo? Qual certificação você tem para garantir que o material do anel não vai danificar a pele do usuário? Qual o link para o seu certificado público de aprovação Bluetooth?
Aqui está uma foto do Ring, fornecida por seus criadores, e borrada devido a questões de patente:
Dessas perguntas, uma foi mais ou menos respondida no FAQ: “o Ring usa prata com acabamento espelhado; o material pode ser alterado até a fase de produção em massa”. A prata não é um bom material para isso, por ser reativo, manchar facilmente e não permitir dispositivos muito finos.
Dado que todo anel inteligente parece ser financiado de forma independente na internet, sabemos muito pouco sobre segurança e testes de uso. Por exemplo, com o Ring, mal sabemos se o material foi testado – e o criador nem sabe exatamente qual material vai usar.
…e mesmo se fosse fácil, não valeria a pena.
Coloque de lado todos os problemas de produção e segurança. Digamos que o Ring chegue em menos de quatro meses, como prometido, e que seja perfeitamente funcional. Que tipo de papel ele irá desempenhar na sua vida? Um anel é a melhor solução para interagir com outros dispositivos? Como seria a vida com o Ring?
Você acorda e o coloca no dedo. Você o tira para lavar as mãos – porque ele não é resistente à água – e o coloca de volta. Você o tira para tomar banho e o coloca novamente. Você o tira quando preparar café da manhã, almoço ou jantar, ou qualquer coisa que envolva umidade.
Agora suponha que o Ring se tornou à prova d’água; os problemas anteriores sumiram. Mesmo assim, quando você o estiver usando, ele é enorme em comparação com um anel comum: pode incomodar na mão, na hora de escrever, digitar ou fazer qualquer coisa com as mãos.
Você não vai querer usá-lo sempre. Nesse tira-e-põe, você pode acabar perdendo o anel. Acontece. Só que ele custou pelo menos R$ 340 (US$ 145). É muita desvantagem em potencial para um dispositivo que deveria tornar a vida mais fácil.
E quando você está usando o anel, o smartphone nunca estará longe – afinal, eles se conectam por Bluetooth. Vamos dizer que você está escrevendo uma mensagem de texto para alguém. O Ring permite que você escreva a mensagem no ar, em vez de digitá-la no seu celular ou relógio inteligente. Uau! Mas você ainda precisa selecionar um contato, e personalizar a mensagem de outras maneiras. Agora me diga, o que é mais fácil: desenhar um ícone de mensagem no ar, ou sacar seu smartphone do bolso?
Em vez de simplificar, o Ring acrescenta outra camada de interação no que você quer fazer. “Isso coloca em questão se você continuará usando um objeto tão drástico no seu cotidiano”, diz Amit. Ele acrescenta que o tamanho é também um grande entrave para usá-lo, “a menos que você seja um astro da NBA que acaba de ganhar um grande campeonato.”
Uma ponte para o futuro
Assim como todo bom vaporware, o anel inteligente é uma ideia brilhante que está alguns anos à frente de seu tempo. É um problema agravado pelo fato de estarmos numa época em que qualquer um pode lançar, na internet, um conceito como produto. Imagine se o Kickstarter existisse na época do file De Volta para o Futuro. Seriam promessas infinitas de hoverboards e tênis que se amarram sozinhos!
Ficar empolgado com uma tecnologia que não está completamente pronta não é algo ruim. Na verdade, é o que nos impulsiona – como fãs, designers e engenheiros – a torná-la realidade. Ideias imaturas são absolutamente cruciais para o avanço da tecnologia.
E os anéis inteligentes mostram o que nós queremos da tecnologia, o que nós sonhamos. Basicamente, torcemos que a tecnologia desapareça da nossa visão, ou que pelo menos seja tão pequena que possamos esquecê-la. Nós não queremos ficar presos a mais dispositivos. Queremos um conjunto invisível de apps e dispositivos que se comunicam através de interfaces táteis – coisas que podemos sentir. E para a maioria de nós, um anel parece mais perto desse futuro imaginado que um celular.
Mas precisamos sonhar mais alto. Logo, não precisaremos nem de anéis: as interfaces verdadeiramente naturais estão mais perto do que você imagina. O Kinect não precisa de um intermediário para ler os seus gestos; nem o Nest Protect. Uma casa na qual você pode falar, ou gesticular, para controlar seus dispositivos já está sendo construída nos EUA. Nós poderemos usar gestos no ar e fazer de tudo sem uma joia tosca de metal.
Ou seja, os anéis inteligentes são apenas uma muleta, uma ponte tecnológica temporária para nos afastar do hardware para sempre. Mas, por enquanto, essa ponte é tão sólida quanto vaporware.
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