sexta-feira, 4 de julho de 2014

DOCUMENTOS LIBERADOS PELOS EUA TRAZEM DETALHES SOBRE REPRESSÃO NO BRASIL


Um documento do Departamento de Estado dos EUA de abril de 1973 menciona o "dramático aumento" nas prisões de "suspeitos subversivos" feitas pelo Exército brasileiro na região do Rio. Essa é apenas uma das centenas de informações presentes em um lote de 43 documentos divulgados nesta quarta-feira pela Comissão Nacional da Verdade.

Os papéis em questão trazem dados compilados pelo Consulado-Geral dos EUA no Rio datado de 18 de abril de 1973.

"Em sua maioria estudantes universitários, os detidos estão sendo sujeitos a um intenso sistema psicofísico de coação projetado para extrair informação sem provocar dano visível e duradouro ao corpo", diz um documento.

"Aqueles suspeitos de serem terroristas, dizem, continuam sendo submetidos aos métodos mais antigos de violência física que às vezes causam a morte."

Segundo o texto, haveria duas explicações cogitadas pelos cariocas para o aumento no número de prisões. Uma é de que seria resultado de prisões anteriores, já que os detidos estariam "dedurando" outros. Outros cariocas, porém, recusariam essa tese. Jornalistas, advogados de direitos humanos e membros da Igreja Católica creditavam o aumento à uma “manobra” política às vésperas da sucessão do presidente Emílio Médici.

Esses documentos foram entregues ao Brasil no mês passado, durante encontro do vice-presidente americano, Joe Biden, com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília.

Um porta-voz do Departamento de Estado disse à BBC Brasil que os documentos entregues por Biden ao Brasil são apenas um primeiro lote, e que o trabalho de liberação de documentos até então confidenciais deverá levar mais de um ano, "por causa do potencial volume de documentos relevantes".

O Departamento de Estado diz que um projeto especial foi criado para esse trabalho, tratado como prioridade.
Tortura

De acordo com a Comissão da Verdade, dos 43 documentos, 18 eram inéditos. Todos foram produzidos entre janeiro de 1967 e dezembro de 1977, com base em dados colhidos por representantes do governo americano no Brasil.

O lote divulgado inclui diversos documentos que mencionam informações sobre técnicas de tortura usadas contra prisioneiros.

Um memorando de outubro de 1970 traz o depoimento de um cidadão americano que ficou detido durante três dias no DEOPS de São Paulo. Segundo o americano, seus companheiros de cela relataram ter sido submetidos a tortura.

"O 'pau de arara' foi um método usado. Outro era submeter a vítima a choques elétricos em diversas partes do corpo, inclusive nos órgãos sexuais", diz o texto.

Há ainda documentos com informações sobre atuação de esquadrões da morte, relações da Igreja com o Estado, e alguns casos específicos, como as reações ao sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969.

Segundo a Comissão da Verdade, os documentos estão sendo analisados por seus pesquisadores.

A comissão investiga violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, como foco principal no regime militar (1964 a 1985). O grupo deve apresentar um relatório final até dezembro.

A liberação dos documentos pelos Estados Unidos era uma reivindicação desde que a comissão foi criada.

A expectativa é de que esses documentos ajudem a esclarecer detalhes sobre a repressão durante o regime militar.

Fonte: BBC Brasil

Segue o link do Canal no YouTube e o Blog
Gostaria de adicionar uma sugestão, colabore com o NÃO QUESTIONE

Este Blog tem finalidade informativa. Sendo assim, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). As imagens contidas nesse blog foram retiradas da Internet. Caso os autores ou detentores dos direitos das mesmas se sintam lesados, favor entrar em contato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário