quarta-feira, 19 de novembro de 2014

AL-QAEDA VOLTOU A SALVAR OCIDENTE DE EMBARAÇO


“Nós poderíamos derrubar Assad nem que fosse hoje, mas isso não afetaria o curso dos acontecimentos. Com quem vocês vão substituir Assad? Qual força armada pode desafiar o EI?”

Foi assim que o secretário da Defesa norte-americano Chuck Hagel expressou o seu entendimento do “problema sírio”, em 13 de novembro, no Comitê das Forças Armadas da Câmara dos Representantes do Senado dos EUA.

Se seus predecessores tivessem feito perguntas semelhantes, talvez os países ocidentais não tivessem que gastar enormes quantias na busca de saídas dos impasses em que eles próprios se colocaram nos países do Oriente. No entanto, as ideias sensatas de Hagel, como antes, não influenciaram em nada o curso normal da execução dos planos fantásticos de estabelecer a ordem desejada pelo Ocidente na Síria.

Como se viu, na Síria, “para exercer pressão suficiente sobre as forças do Estado Islâmico” no leste e norte do país serão precisos apenas cerca de 15 mil rebeldes sírios “certos”. Assim disse aos legisladores o presidente do Estado Maior Conjunto, Martin Dempsey, que discursou depois de Hagel. E para que os contribuintes não considerem muito essas forças, os dirigentes militares esclareceram que após a derrota das forças do Estado Islâmico, elas sempre se ocuparão de derrubar Bashar Assad.

A Europa também está disposta a investir novamente em mais um projeto desses. Segundo Dempsey, na primeira reunião de planejamento operacional da introdução deste grupo participaram ativamente 190 especialistas militares de 30 países. A reunião foi realizada na sede do Comando Central dos EUA (CENTCOM). E os oficiais nela presentes provavelmente já sabiam que já tinha havido um reforço significativo das forças do inimigo e perdas de posições de aliados. Mas, coisa estranha, tendo reforçado as suas posições na Síria, a Al-Qaeda ajudou o Ocidente a sair, finalmente, de uma posição muito desconfortável.

Pois apenas uma semana atrás, o serviço de imprensa do CENTCOM negava ativamente que a Força Aérea das forças de coalizão realizaram intencionalmente cinco ataques aéreos contra as posições do grupo Frente al-Nusra. Na altura, em áreas da província de Idlib que fazem fronteira com a Turquia, este grupo desencadeou uma guerra contra a Frente Revolucionária Síria (SRF na sigla inglesa), que é apoiado pelos Estados Unidos e com base na qual querem criar essa sua nova força invencível. Na verdade, os islamistas afirmam bastante logicamente que a SRF “se vendeu ao Ocidente” e está sendo expulsa com sucesso de todos os territórios por ela ocupados. Para quê então o CENTCOM negou a sua ajuda a aliados e insistiu em que os ataques fossem dirigidos quase exclusivamente contra o grupo mítico Khorasan?

O paradoxo é que a Frente al-Nusra até ao final da semana passada era considerado de fato um aliado do Ocidente. Como assim? Este grupo ainda em 2012 foi oficialmente considerado terrorista nos EUA. Além disso, ele é uma filial oficial da Al-Qaeda na Síria. Seu líder, al-Julani, jurou fidelidade ao líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, e esse último tomou o seu lado numa disputa sobre os direitos do grupo de conquistar a Síria com o seu rival de longa data – o EI.

A resposta é simples. A Frente Al-Nusra está lutando contra o exército sírio, e, até recentemente, contra o EI. A fórmula de “inimigo de meu inimigo meu amigo é” na Síria, como se viu, implica alianças tácitas com os grupos mais “não moderados”. Mas quando tais aliados começam a lutar entre si, surge sempre o problema de escolha – qual deles ajudar? As tentativas desajeitadas de declarar que a Frente Al-Nusra foi confundida com outro grupo, provavelmente, tinham por intenção preservar pelo menos alguma influência sobre este grupo. Mas surge apenas uma conclusão: para o Ocidente existe não apenas uma Al-Qaeda “má”, mas também uma “boa”...

E então, quando parecia que o escândalo era inevitável, Jebhat an-Nusra anunciou uma aliança com o Estado Islâmico. Os bombardeio em Idlib destruíram uma união e criaram uma nova. É justamente conta ela que agora é necessário juntar, armar e treinar esses 15 mil “espartanos” sírios, os quais, segundo os planos de militares de 30 países longínquos, devem, finalmente, se transformar num exército vitorioso.

A obstinada adesão do Ocidente à estratégia de suprimentos para as forças da “oposição moderada” em constante enfraquecimento é surpreendente. Espanta também a promiscuidade nas relações secretas. A incapacidade de avaliar objetivamente e resolver eficazmente situações que resultam da atual situação política levanta questões que afligem até mesmo o ministro da Defesa dos Estados Unidos.

Fonte: Voz da Rússia

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