Nos dois anos passados desde a derrubada e assassinato de Muammar Kadhafi, não se tem conseguido criar um governo estável na Líbia. O poder a nível regional praticamente pertence a grupos armados, que outrora lutaram em frente unida mas que, depois da vitória da "revolução", se voltaram uns contra os outros.
O "Grupo de Ação Política para o bem da Líbia”, encabeçado por Ahmed Kadhafi, parente do antigo líder da Jamahiriya, promete restabelecer a ordem no país. Significa isso que a oposição líbia prepara um golpe de Estado?
Ahmed Kadhafi, durante o governo do coronel Muammar Kadhafi, trabalhou como administrador dos investimentos líbios no exterior. Nos últimos meses da guerra civil, em 2011, ele cumpria ordens pessoais do líder líbio, tentando estabelecer ligação com chefes de Estado europeus, e também com membros do Conselho Nacional de Transição da Líbia para a cessação das operações de guerra.
A Voz da Rússia pediu a Ahmed Kadhafi, que agora vive fora da Líbia, para explicar os planos do "Grupo".
Ahmed Kadhafi: Nós não falamos de um golpe de Estado. Somos um grupo político e não militar. Sendo que queremos ajudar a Líbia, porque a situação no país é catastrófica. Agora aqueles que lutaram outrora contra Muammar Kadhafi estão arrependidos de suas ações.
Na época de Kadhafi, as famílias jovens podiam receber moradias com grandes vantagens e, em certas condições, o Estado as concedia gratuitamente. Os remédios e o tratamento médico eram pagos pelo Estado. Muammar Kadhafi visitava pessoalmente os hospitais e cuidava para que os pacientes tivessem tudo o que era necessário. A educação era acessível a todos. Hoje a situação é outra. Nas regiões periféricas do país, em dois anos surgiu uma grande camada de população marginalizada, cuja vida consiste apenas em armas e violência. Em semelhantes regiões eu próprio fui 9 vezes preso.
Voz da Rússia: Acaso era isso que os líbios queriam? Se os acontecimentos de 2011 não podem ser qualificados de revolução do povo líbio, então quem precisava disto?
Ahmed Kadhafi:Para responder a esta pergunta analisemos a situação do petróleo. Para onde vai o petróleo líbio? Logo após a chamada "revolução", nós insistimos em que as jazidas petrolíferas só pudessem ser exploradas por companhias nacionais. Por isso nos prenderam. Como resultado, as jazidas são exploradas por companhias estrangeiras, que retiram livremente nossos recursos. Consequentemente, na Líbia não houve destituição do regime, isto foi derrubada por poder do povo. Agora os líbios entenderam que foram enganados e revoltaram-se contra o novo governo. Muitos deles, antigos oficiais, funcionários, políticos e empresários, e eles aderem ao nosso grupo.
Voz da Rússia: Mas como pretendem transformar pacificamente a Líbia, se têm de enfrentar grupos armados?
Ahmed Kadhafi: Não se trata de contraposição armada, nós somos uma organização política. Eu acredito em nosso povo, que tomou consciência de seu erro e pode ele próprio recuperar seu país. Como prova, posso citar o exemplo dos ardentes debates no Congresso Nacional geral sobre a questão da separação da Cirenaica. Cada vez mais parlamentares estão contra o separatismo, que divide o Estado.
No que se refere aos recursos para o restabelecimento do país, as despesas poderão ser cobertas com nosso dinheiro, que ficou em bancos estrangeiros. Eu trabalhei no sistema de investimentos da Líbia no exterior e sei que nossas economias em bancos estrangeiros constituem cerca de 1 trilhão e 200 bilhões de dólares. 1 trilhão e duzentos bilhões de foram roubados do povo líbio. Quem primeiro contou sobre o destino deles foi o ministro das Finanças da Líbia, Hassan Ziglam, agora ele já deixou esse cargo. Em 2012 ele declarou que 50 bilhões de dólares foram levados por companhias de Qatar, para cobrir suas despesas com os rebeldes na Líbia. Isto é testemunhado por documentos sobre a transferência de recursos de contas estrangeiras da Líbia para companhias petrolíferas de Qatar, que naquele momento trabalhavam em nosso país. Para reaver o dinheiro, Ziglam ordenou ao Ministério de Fiscalização Financeira criar uma comissão de investigação deste roubo. Alguns dias depois, canhões dispararam contra o edifício do Ministério da Fiscalização Financeira, todos os documentos sobre as operações com nossas contas no exterior foram destruídos. Até mesmo o líbio mais ingênuo entende que o início da investigação e o ataque ao ministério estão interligados. Por isso, eu estou convicto de que muito em breve nosso povo cuidará da reestruturação de seu país.
Voz da Rússia: Em novembro, no Cairo planeja-se a realização da primeira conferência da oposição líbia desde o término da guerra civil. Muitos representantes não apenas do regime antigo, mas também do atual, já concordaram em participar. Estarão representantes de países vizinhos da Líbia interessados em participar da conferência?
Ahmed Kadhafi:A Líbia origina ondas de instabilidade e violência para todo o mundo. Antes de mais nada, sofreram os países do Mediterrâneo. Entre os europeus - a França, para onde aumentou em muito a imigração ilegal. Os soldados franceses foram mortos em Mali também com armas líbias. Por isso, quaisquer ações de estabilização da situação na Líbia são vantajosas para nossos vizinhos.
Fonte: Voz da Rússia
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