sexta-feira, 1 de novembro de 2013

ARMAS QUÍMICAS INTOXICAM AS PRAIAS DA CRIMEIA


Mais de mil contêineres com materiais tóxicos de combate, - lewisita, iperita, sarin, - foram afundados no mar Negro, ao longo do litoral da Crimeia, ainda em 1941, antes da ocupação desta península pelas tropas alemãs. A Ucrânia cuida da busca e da neutralização dos restos das armas químicas desde meados da década de 90. De acordo com os planos iniciais, as obras deveriam ser concluídas em 2002, mas a seguir o prazo foi prorrogado duas vezes – até o ano de 2006 e, depois, até 2010. Até hoje foi executada menos da metade da obra planejada. Mas o gabinete de ministros da Ucrânia recusou-se a prorrogar este programa.

A situação é realmente difícil e pode representar ameaça real para a ecologia da região, - diz o professor Tengiz Borisov, presidente do Comitê de Obras Submarinas Especiais:

"Como é natural, devido a permanência durante tantos anos num meio bastante agressivo, os contêineres ficaram esburacados e as substâncias tóxicas começaram a penetrar na água. Há uns dois anos, foi realizada uma pesquisa a pedido do governo da Ucrânia e, ao que eu saiba, foram encontrados mais de 500 contêineres. Na ocasião, não foi tomada nenhuma decisão a respeito destes contêineres. Os locais em que eles se encontravam foram marcados no mapa e as obras foram concluídas neste ponto."

Mas na Crimeia as informações sobre a poluição do litoral e do espaço aquático dos mares Negro e de Azov com substâncias tóxicas são desmentidas. O presidente do Conselho de Ministros da Crimeia Anatoli Mogilev afirmou: "No presente momento não temos dados especiais a este respeito". O deputado do Conselho Supremo da Crimeia Oleg Rodvillov, diretor da filial ucraniana do Instituto dos Países da CEI, reputa que a informação sobre os barris de substâncias tóxicas vêm tradicionalmente "à tona" na véspera da temporada balnear.

"Neste ano surgiram informações de certas munições encontradas a bordo de um navio de guerra, afundado durante a Grande Guerra Pátria e que estaria agora a um quilômetro de profundidade. Como é natural, ninguém levantou este navio, nem tentou investigá-lo nesta profundidade. Tanto mais que a partir da profundidade de 200—300 metros no mar Negro começa a camada de hidrogênio sulfurado. Posso afirmar, na qualidade de oficial de carreira, que depois de permanência durante 70 anos neste meio agressivo de hidrogênio sulfurado, não se pode falar do problema de munições químicas. E quanto a estas conversas sobre armas químicas e sobre o cancelamento de certos programas, estas, na minha opinião, têm por objetivo obter mais recursos para novos projetos fantásticos."

Enquanto isso, os ecólogos estão alarmados. No estreito de Kerch o teor do produto da desagregação das substâncias tóxicas de combate na água supera a norma admissível três vezes e meio. Basta tomar por acaso um gole desta água para sofrer uma intoxicação séria. De acordo com os dados à disposição dos cientistas, todas as substâncias tóxicas são mutagénicos e cancerígenos fortes. A sua influência negativa persiste durante muitos anos e as consequências podem surgir várias gerações depois.

Fonte: Voz da Rússia

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