A tensão no Oriente Médio começou a diminuir um pouco depois de alguns entendimentos decisivos entre os principais jogadores mundiais. Depois do êxito da iniciativa russa sobre desarmamento químico da Síria, neste fim de semana foi alcançado um acordo sobre o programa nuclear do Irã. Está chegando a convocação da conferência de paz na Síria em Genebra.
O vice-primeiro-ministro, ministro do exterior do Kuwait, membro da dinastia governante, Sabah Khalid al-Sabah falou, em entrevista exclusiva à Voz da Rússia, sobre a preparação da conferência sobre a Síria.
- Que solução do complexo problema sírio é vista no Kuwait?
- É realmente um problema muito complexo. A comunidade internacional dedica-se à sua solução há mais de dois anos e meio. O Kuwait, como presidente do Conselho de Ministros da Liga Árabe participou da primeira conferência sobre a Síria em Genebra em junho de 2012. Agora nós todos trabalhamos na convocação da segunda conferência.
Nós sempre falamos que as conseqüências do que ocorre na Síria são destrutivas não apenas para esse país, mas também para seus vizinhos, para toda a região. E nós já vemos estas conseqüências. Por exemplo o problema dos refugiados - sua torrente dentro do país e a outros Estados aumenta. O número de refugiados sírios é de milhões.
- Como avalia a preparação para a conferência "Genebra-2" sobre a Síria?
- A conferência "Genebra-2" sobre a Síria é necessária. Deve-se buscar solução política do problema sírio. Possivelmente, o debate de alguns detalhes estendeu-se muito. Nós esperamos que, finalmente, se consiga marcar a data da própria conferência nos próximos dias, no encontro de mediadores internacionais em Genebra, onde tais países como a Rússia, EUA e outros debaterão a preparação para este importante evento. É possível encontrar uma saída na Síria somente através do processo de negociações de paz.
Como resultado na Síria deverá ser formado um órgão executivo de transição, que deverá ter toda a plenitude do poder para a direção do país. Tal solução política livrará a Síria da continuação dos sofrimentos e destruições.
- E o que significa “deve ter toda a plenitude do poder”? Significa que o papel dirigente do presidente da Síria, Assad, deverá reduzir-se?
- Esta e outras questões deverão ser resolvidas no decurso das conversações entre a oposição e a delegação do governo da Síria, com a mediação de outros países. Sobre o processo de transição foi falado nos documentos finais da conferência passada “Genebra-1”. Justamente o debate dos detalhes, inclusive dos poderes do governo de transição, é que ocupou muito tempo, e por isso a convocação de “Genebra-2” foi adiada várias vezes. Quanto mais clareza nisto surgir agora, tanto mais depressa se conseguirá encontrar a solução do problema sírio.
- A iniciativa da Rússia sobre desarmamento químico da Síria distendeu a situação e permitiu retirar da ordem do dia o ataque militar a este país. Entretanto alguns de seus vizinhos do Golfo Pérsico ficaram insatisfeitos com isto por exemplo a Arábia Saudita. E qual é a posição do Kuwait?
- Qualquer operação militar somente agravaria ainda mais a situação na região. O resultado seria uma total anarquia no Oriente Médio. É até mesmo difícil imaginar a que isto poderia levar. Nós gostaríamos agora que todos, sobretudo os EUA e a Rússia, envidassem ainda mais esforços para encontrar meio de solução de paz do problema sírio. É muito importante que se conseguia alcançar entendimentos sobre o procedimentos do desarmamento químico na Síria. Mas também é muito importante deter o derramamento do sangue na Síria.
- Excelência, no próximo, 2014, o Kuwait convocará uma grande conferência internacional para prestar ajuda de doações à Síria. Por que os próprios participantes do conflito não são convidados para ela?
- A primeira conferência internacional de doadores realizou-se em janeiro deste ano no Kuwait. Graças a ela conseguiu-se reunir e prestar grande ajuda ao povo sírio. As pessoas na própria Síria e os refugiados sírios sofrem muito. Eles necessitam de ajuda. A ajuda humanitária é necessária paralelamente aos esforços para cessar o derramamento de sangue.
O Kuwait presta essa ajuda em base regular. E nós pedimos a todos os demais para cumprir no prazo suas promessas anteriores, para na próxima conferência de doadores prestar nova ajuda aos sírios. Depois da primeira conferência o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon pediu ao emir do Kuwait para realizar mais uma conferência dessa em janeiro de 2014. Assim que sobre a Síria, paralelamente com “Genebra-2” haverá ainda a “Kuwait-2”.
No que se refere à composição dos participantes, então, como na primeira vez, eles serão definidos pelo secretário geral da ONU. De nossa parte faremos tudo para que este evento novamente seja um sucesso, para que o povo sírio sinta esta ajuda.
Fonte: Voz da Rússia
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