Em Kiev, partidários da integração europeia organizam piquetes em frente ao gabinete de ministros, exigindo a demissão do governo. Um caso penal foi intentado com base no fato do assalto da sede governamental.
Os manifestantes passaram a última noite em acampamentos de tendas no centro da capital ucraniana. De manhã cedo, agentes da polícia cercaram uma parte da Praça da Independência sob o pretexto de construção de um ringue de gelo no local.
A manifestação no centro de Kiev reuniu centenas de partidários da associação da Ucrânia com a União Europeia, inclusive membros de partidos oposicionistas Batkivschina (Pátria), Udar (Golpe) e Svoboda (Liberdade). Em 24 de novembro, acampamentos de tendas apareceram na Praça da Independência e numa das ruas centrais de Kiev. Os reunidos pretendem continuar o protesto até o fim de novembro, no mínimo, quando termine a cúpula de Vilnius. Os líderes da oposição, além da assinatura de um acordo de associação com a UE, exigem indultar Yulia Tymoshenko e aprovar uma lei sobre o tratamento médico de presos no exterior.
Oleg Tsarev, deputado da Rada Suprema, declarou por seu lado que todos estes protestos são financiados por forças políticas externas. Ao mesmo tempo, os participantes do ato perseguem em primeiro lugar seus interesses pessoais, não duvida o diretor-geral do centro empresarial Desenvolvimento Econômico da CEI, Vladimir Savchenko:
“Na maior parte, todos esses atos foram organizados por dinheiro. Há estruturas que os pagam ativamente. Há também pessoas que vivem à conta desses meios, cobrindo-se de demagogia. Eles não têm qualquer noção econômica compreensível. Há aqueles que vão para a praça, recebendo 100 ou 50 euros. Quando a sociedade está composta por pobres e extremamente ricos, sempre há pessoas que pretendem ganhar nesta diferença. Também há jovens que não se dão conta de nada”.
Há também contudo uma opinião contrária. É impossível comprar manifestações maciças que podem ser explicadas com o fato de a maioria dos protestantes não entender simplesmente pelo que está lutando, considera o diretor da Academia de Trabalho e Relações Sociais, Evgueni Kozhokin:
“Se os reunidos na praça forem perguntados se conheçam o projeto de acordo, serão poucos que responderão positivamente. Neste documento, os interesses da UE são representados muito mais amplamente do que os da Ucrânia. Infelizmente, foram pouco discutidas as possibilidades que o acordo concede à Ucrânia”.
Mesmo se for impossível “comprar” uma manifestação, sempre é possível deitar lenhas no fogo. Protestos maciços em Kiev podem ser vantajosos a algumas forças políticas internas, continua o perito:
“Estas forças estão interessadas em desestabilizar a situação, em provocar eleições antecipadas e em conduzir uma nova equipe para o poder. Hoje, está crescendo a popularidade de Klitchko (líder do partido Udar) que já se considera novo presidente. Há também apoiantes da antiga primeira-ministra, que esperam que, se Yulia Tymosbalhenko for libertada, o partido ganhe um novo impulso”.
Mas a maioria de peritos não sobrevaloriza os acontecimentos no centro de Kiev. Na opinião de analistas, a Revolução Laranja não pode repetir-se, porque os atos de protesto não encontram apoio por parte da população, como era em 2004. A oposição está cindida. Além disso, no país decorrem atos de adversários da assinatura do acordo com a UE. No domingo, 24, a manifestação contra a integração europeia reuniu em Kiev empresários e representantes do Comité de Pais da Ucrânia e da União de Cidadãos da Ucrânia.
Fonte: Voz da Rússia
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