sexta-feira, 11 de julho de 2014

SERÁ POSSÍVEL UNIR AS DUAS COREIAS EM UMA CONFEDERAÇÃO?


Na recente proposta apresentada por Pyongyang a Seul, para uma normalização das relações e para a promoção da unidade, surgiu a ideia que a reunificação seria possível com base nos princípios de uma confederação.

Esses princípios pressupõem, nomeadamente, “a existência de dois sistemas sociais e ideologias diferentes”. Os peritos destacam na proposta de Pyongyang vários pontos importantes que provocaram uma reação internacional.

Antes de mais, se trata do uso do princípio chinês de “um país – dois sistemas”, que foi aplicado a Hong Kong, usado no contexto coreano, na medida em que isso seja possível de realizar, diz o analista político e especialista em assuntos coreanos Georgui Toloraia:

“A ideia “um país – dois sistemas” obteve um interesse renovado quando começou a ser vista, no início dos anos 2000, como base para o diálogo entre as duas Coreias. Foi nesses anos que ela se foi transformando gradualmente de uma artimanha propagandística em uma variante possível do futuro desses países. Se olharmos de forma objetiva, essa hipótese não é muito fantasiosa. É verdade que existe Hong Kong integrada numa China unida. Isso acontece já há bastante tempo e com sucesso. Além disso, quanto à democratização da sociedade é precisamente a China que se aproxima de Hong Kong, e não o contrário. Mas, por outro lado, essa comparação com uma hipotética reunificação das duas Coreias não é muito clara e legítima. Porque Hong Kong faz juridicamente parte do território da China, mas uma confederação das duas Coreias seria a unificação de dois países diferentes. Neste caso, a nível da confederação só serão tratados os assuntos de política externa e de defesa. Já os sistemas econômicos dos dois países permanecerão diferentes.”

No caso de Hong Kong, e mesmo de Taiwan em perspectiva, a “grande” China socialista inclui pequenos enclaves “capitalistas”, aos quais é atribuído um papel de “eclusas”, inclusive financeiras e tecnológicas, para uma interação com a economia global.

Já no caso das duas Coreias foi proposto unir o “país Juche”, com 24 milhões de habitantes, com a muito mais desenvolvida República da Coreia, que tem 50 milhões de habitantes. Mesmo com base numa confederação esse processo pressupõe enormes injeções financeiras por parte do Sul. O exemplo da Alemanha demonstrou que o governo de um eventual país unificado teria trabalho para muitos anos e seriam necessários enormes meios financeiros para que essa união ganhasse consistência.

Entretanto, segundo dados de uma pesquisa realizada pela Universidade Nacional de Seul, a ideia da unificação com a Coreia do Norte é apoiada por menos de 50% dos cidadãos. A maioria olha para isso com desconfiança, receando mais um encargo financeiro, refere Georgui Toloraia:

“Na Coreia do Sul os discursos sobre a reunificação já se tornaram numa espécie de mantrados políticos de alto nível, para que ninguém tenha dúvidas que o país tende para a reunificação. Mas já é evidente o resfriamento dessas aspirações de Seul. Analisando a retórica da Coreia do Sul em relação a Pyongyang, Seul está claramente indisponível para afetar recursos econômicos para esse fim, apesar de as palavras sobre a reunificação nacional continuarem a ser ouvidas. A Coreia do Norte, pelo contrário, está disposta a iniciar um processo real de melhoria nas relações e de reunificação.

Durante muitos anos a Coreia do Norte foi um dos Estados totalitários mais fechados do mundo, mas nos últimos tempos ela começou sentindo a necessidade de alterar sua posição no sistema de relações internacionais. Isso foi sobretudo condicionado pelas dificuldades econômicas internas. O processo de reunificação é possível, mas apenas se Pyongyang receber sólidas garantias de segurança. Só nessas condições poderá a Coreia do Norte abdicar das armas nucleares e iniciar uma verdadeira política de desmilitarização. Contudo, nas atuais condições de confronto inflexível, todas essas possibilidades parecem ser mais hipotéticas do que reais”.

Além disso, o Norte insiste que a reunificação seja realizada de acordo com o seu cenário, enquanto o Sul quer que seja aplicado o seu. A Coreia do Norte apresenta a ideia de uma república confederada, enquanto a Coreia do Sul planeja realizar uma unificação que seja praticamente uma absorção do Norte. O Sul tem o dobro da população, o que significa que quaisquer eleições terão os resultados ditados por Seul. O Norte não poderá permitir esse tipo de situação.

Fonte: Voz da Rússia

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