Um presidente dos EUA renunciou antecipadamente aos seus poderes pela primeira vez na história do país. Em 9 de agosto de 1974, Richard Nixon anunciou demissão por causa do escândalo de Watergate que se transformou imediatamente num sinônimo de mentira política e inspirou por muito tempo desconfiança dos americanos em relação às suas autoridades.
Nixon demitiu-se antes do prazo graças ao establishment de Washington e aos jornalistas astutos por não conseguir estabelecer relações nem com uns, nem como outros. Isso, como dizem peritos, foi a causa de sua derrota.
Richard Nixon chegou ao poder sob o lema de “Nixon’s the One!”. Esta palavra de ordem pré-eleitoral determinou, no fundo, o caráter imperial da sua futura política. Em suas decisões referentes à política externa e interna, Nixon confiava exclusivamente em si mesmo.
Congressistas norte-americanos não se acostumaram a tal atitude. Nos primeiros quatro anos na Casa Branca, Nixon conseguiu fazer muitos inimigos e não apenas entre democratas, mas também no chamado establishment de Washington. Seu estilo de administração irritava abertamente todos sem exceção, explica o redator-chefe do portal Terra America, politólogo Boris Mezhuev:
“Nixon é uma personalidade que concentrou ao redor de si uma plenitude de poder. Era muito popular entre a população. Ganhou fantasticamente as eleições em 1972. Conseguiu transformar a derrota no Vietnã num vitória geopolítica dos Estados Unidos, admitindo acalmar as relações com a China e a URSS. Seu estilo político foi imperial. Nixon não considerava muito a opinião do Congresso, democrático naquele momento ou seja oposicionista. A elite não podia perdoá-lo por esta posição, sentindo perigo. Nixon era alheio entre eles. Houve uma sensação de que era necessário aplicar sérios esforços para não admitir que ele se candidatasse para um terceiro ou um quarto prazo”.
Democratas pegaram seriamente no assunto, dispensando atenção ao incidente ocorrido antes do início das eleições. Naquela altura, no hotel Watergate de Washington, onde se encontrava a sede do Partido Democrático, foram presas cinco pessoas que tentavam instalar no local aparelhos de escuta. Os presos foram antigos agentes da CIA e dois deles fizeram parte da equipe eleitoral de Nixon. Mas apesar disso, Nixon foi reeleito no fim do ano para um segundo prazo presidencial.
Esta vitória não dava sossego aos seus adversários políticos. O episódio, ao qual o próprio Nixon não dispensou inicialmente especial atenção, transformou-se, graças aos empenhos de democratas, num escândalo de escala mundial, diz o vice-diretor do Instituto dos EUA e do Canadá, Valeri Garbuzov:
“Todos mostraram verdadeira atitude em relação a Nixon. Como se verificou, foi tratado mal não apenas por democratas, mas também por uma parte de republicanos e de jornalistas que não gostavam por Nixon não ser
capaz de estabelecer contatos com eles. Congressistas, naturalmente, lembraram-se de todos os seus pecados. Assim, em torno de um pequeno episódio, acumularam-se muitas ofensas e aspirações a ficar por cima”.
Literalmente, todos foram para cima de Richard Nixon. Democratas começaram a desdobrar este caso na medida de suas potencialidades. Jornais afundaram em títulos escandalosos. Começaram sessões judiciais que foram transmitidas para todo o país. Todos se afastaram do presidente, inclusive seus cúmplices – cinco arrombadores do hotel Watergate. A pressão continuou mais de um ano e meio. Em resultado, Richard Nixon, sob a ameaça de impugnação de mandato, foi obrigado a demitir-se.
Este escândalo provocou uma crise de confiança de norte-americanos que continuava mais alguns anos, diz o vice-diretor do Instituto dos EUA e do Canadá, Valeri Garbuzov:
“Naquela altura, praticamente toda a sociedade norte-americana juntou-se contra o seu presidente, representado como o mais mentiroso presidente dos Estados Unidos. Decorreu uma onda de revelações, condicionadas por ânimos da sociedade norte-americana que se formavam naqueles anos. Essa crise de confiança envolveu toda a segunda metade dos anos 70 e o início dos anos 80. O caso de Watergate foi gatilho desse processo”.
Em meados dos anos 80, Ronald Reagan conseguiu restabelecer por um tempo a confiança de cidadãos. Mas os seus sucessores não podem gabar-se disso, ressalta o perito. Os recém-chegados à Casa Branca têm de ganhar cada vez mais a confiança de norte-americanos.
Fonte: Voz da Rússia
Segue o
link do Canal no YouTube e o Blog
Gostaria
de adicionar uma sugestão, colabore com o NÃO
QUESTIONE
Este Blog tem finalidade informativa. Sendo assim, em plena
vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas
constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal.
Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre
a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato"
(inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença"
(inciso IX). As imagens contidas nesse blog foram retiradas da Internet. Caso
os autores ou detentores dos direitos das mesmas se sintam lesados, favor
entrar em contato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário