PUBLICISTA LIBANÊS: MÍDIA À SERVIÇO DO ESTADO ISLÂMICO

O famoso escritor e publicista do Líbano, Fado Akoum, em sua pesquisa intitulada “Estado Islâmico: Livro Negro”, expõe o seu parecer sobre esta “estrutura jihadista que veio pasmar e assustar o mundo inteiro”.

Na ótica do autor, que partilhou a sua visão deste problema com a Voz da Rússia, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) – tal é o seu nome completo – é muito mais perigoso do que parece à primeira vista. Esta instituição sabe planejar suas ações, fazendo-o quase sem erros e enganos. O EIIL tem manipulado tanto as pessoas simples engajadas, como a mídia e, em certa medida, até os Estados inteiros.

Fado Akoum: Hoje, surgiu uma situação absurda em que a comunicação social, falando do Estado Islâmico, normalmente em termos sensacionalistas e histéricos, começa a prestar um bom serviço para essa organização ilegal. Deste modo, a mídia, voluntária e involuntariamente, têm incitado esta máquina propagandística patrocinada por bandidos. Por esse meio, manipulando a opinião pública, o Estado Islâmico vem engrossando suas fileiras à custa de pessoas jovens. Assim sendo, esta matilha criminal, conseguiu criar uma potente máquina propagandística, cuja atividade se destaca por um elevado nível profissional. Os jihadistas estão cientes de que a mídia pode garantir uns 50% do sucesso em cada operação militar. E estão lançando mão dessa arma eficiente.

Voz da Rússia: Mas isso parece ter pouca coisa a ver com a imagem de jihadistas do Estado Islâmico que a mídia carateriza como “uma gentalha, uma corja de bandidos ignorantes, pouco educados e antigos elementos criminosos.

Fadi Akaum: Não é bem isso, eles não são uma gentalha, mas uma instituição bem estruturada, dirigida por pessoas inteligentes, competentes e educadas. No meio deles, há realizadores profissionais, técnicos, fotógrafos e especialistas em “tecnologias avançadas”. Trabalhando com jeito, eles querem “impor” as suas imagens filmadas, fazendo que essas sejam únicas no género. Nas zonas ocupadas por jihadistas na Síria e no Iraque, eles procedem à política de desmantelamento da mídia oficial existente, organizando perseguições de jornalistas e decretando a censura muito rígida. Os funcionários da comunicação social “autorizados” devem submeter seus materiais ao exame da chancelaria ideológica do EIIL.

Voz da Rússia: É verdade que tudo isto não causa uma sensação de ações improvisadas, realizadas por pessoas que se aglomeram para praticar biatlo. Quem são o militantes do EIIL na realidade?

Fado Akoum: O EIIL é uma filial da Al-Qaeda que se fragmentou devido a divergências na linha estratégica e tática. Eles têm copiado alguns elementos da “teia terrorista universal”, inclusive uma aposta em “ataques informativos”. Dai, os estúdios móveis e centros radiofônicos muito bem preparados ao seu dispor. Tal atividade técnica vem atraindo muitos jovens aos quais os jihadistas dão tudo que eles querem ou quiserem obter, para além de famigerados apelos propagandísticos.

Em última análise, os jihadistas vão saindo vencedores no campo informativo. E a essas vitórias seguem os êxitos na área militar. Como, por exemplo, no norte do Iraque em que o terreno ideológico tinha sido sondado com antecedência. Mas o mundo nem deu conta disso, tendo reparado apenas no último e evidente sucesso militar. Há pleno fundamento para supor que aquele avanço militar não seja o último. Estão sendo preparados novos ataques, ainda latentes.

Fonte: Voz da Rússia

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