terça-feira, 2 de setembro de 2014

ROLEZINHOS EM LISBOA GERAM POLÊMICA RACIAL


Os rolezinhos atravessaram o Atlântico e chegaram aqui com outro nome: chamam-se “meet”, mas o fenômeno é semelhante ao que aconteceu no Brasil: encontros marcados nas redes sociais em determinado local, que juntam centenas de jovens para conviver e que muitas vezes acabam em violência.

Em Portugal só se tornaram conhecidos do público depois dos primeiros incidentes graves ocorridos no último dia 20 de agosto, no Centro Comercial Vasco da Gama, em Lisboa. O evento reuniu cerca de 600 jovens, muitos deles vindos dos bairros sociais da capital, onde a população é na sua maioria imigrante de origem africana. A polícia foi chamada para intervir, e os distúrbios registrados resultaram em cinco polícias feridos e quatro jovens detidos. Dois dos jovens detidos foram acusados de crime de resistência e coação a agentes da autoridade, devendo a sentença do tribunal ser conhecida em 2 de setembro.

Pouco depois, no último dia 24, em Cascais, a poucos quilômetros de Lisboa, foi marcado um “meet” para o concerto do músico Anselmo Ralph, natural de Angola. Durante o espetáculo, houve desacatos que começaram quando um grupo correu em direção à polícia, que tentava dispersar as pessoas. Três pessoas ficaram feridas incluindo um policial. Outras três pessoas foram detidas no final do concerto.

Estes dois incidentes parecem ter alarmado a população. Um terceiro encontro, marcado para o último dia 27 no Centro Comercial Colombo de Lisboa, um dos maiores do país, já decorreu de forma diferente.

O “meet” foi convocado através do Facebook e já tinha a adesão de mil pessoas. A administração do shopping deu o alerta à polícia e esta deslocou para o local várias equipes de intervenção rápida. As autoridades passaram a acompanhar os comentários da página do “meet”, estando atentas a promessas de violência, os jornais informaram antecipadamente sobre possível “invasão do Colombo”. À hora marcada e com muitos jornalistas presentes aconteceu o impensável: os jovens simplesmente não apareceram e, como alguns ironizaram, aconteceu antes um “meet” de jornalistas.

Seja como for, os “meets” são para continuar, afirmam os jovens nas redes sociais. Só no próximo mês, em Lisboa, estão convocados, pelo menos, mais três. Para um deles, novamente no Centro Comercial Vasco da Gama em 7 de setembro, estão convidadas mais de 2 mil pessoas.

A discussão racial

Após as detenções no Centro Comercial Vasco da Gama, começou uma polêmica motivada pelo fato de apenas pessoas negras terem sido levadas pela polícia, causando discussão nas redes sociais e despertando condenações de organizações como a SOS Racismo.

Uma das jovens conta que sentiu discriminação no Vasco da Gama: “Os polícias não estavam deixando os meus amigos e amigas de cor entrar e só lhes estavam batendo”. Mas “bateram em brancos e pretos”, acusa.

No jornal Sol, por sinal propriedade do grupo angolano Newshold, o jornalista Pedro d'Anunciação escreve:

“A legislação ocidental, mais preocupada com a defesa dos infratores do que com as vítimas, não opõe nada à moda dos chamados “meets”, em que uma multidão mobilizada pela Internet se encontra para “confraternizar” – e depois seja o que Deus quiser. Acredito que esses jovens, normalmente de uma tribo urbana ligada a uma raça (e que depois entram em vias de fato com tribos urbanas de raças distintas), vão até com boas intenções. Mas já se sabe o que é psicologia e o comportamento de multidões. (…) Vai daí (…) estes jovens, no caso todos negros, reúnem-se junto ao Pavilhão de Portugal da Expo, e logo avançam à desfilada para o centro comercial. Quando a polícia é chamada a intervir, lá os domina, sempre com muitas acusações de racismo (basta deter um negro à desfilada e a assustar os cidadãos bem comportados para já ser racista). Que pena os “jovens” suburbanos não se entreterem de outras maneiras: a lerem um livro, irem ao cinema sem ser em tribo, ou à praia, enfim, coisas agradáveis de se fazerem sem incomodar o próximo”.

Este tipo de incidentes não podia deixar de gerar reações negativas entre os nacionalistas locais (pouco numerosos, felizmente, e sem grande influência na sociedade). O autor de um blog nacionalista escreve: “Nós os nacionalistas portugueses, já temos alertado desde há bastante tempo para as consequências da invasão imigrante, do multiculturalismo, da impunidade dos criminosos. Como já afirmei várias vezes, Portugal tem se transformado em muitos aspectos para pior (…) e a importação desse tipo de “meets” é um exemplo disso”.

O governo tem uma posição completamente diferente.

O secretário de Estado Adjunto do Ministro do Desenvolvimento, Pedro Lomba, afirmou à rádio Renascença que a resposta deve ser dada ao nível da comunidade onde estes jovens vivem. "Temos vários projetos do programa "Escolhas", um programa de apoio à inclusão e à integração social de descendentes de imigrantes em Portugal. Temos diferentes projetos nos bairros de que são oriundos os jovens que se reuniram no Vasco da Gama", sublinhou.

O governante, que tutela o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, entende que é preciso trabalhar com os jovens de segunda geração das comunidades estrangeiras. "Há um trabalho que é preciso ser feito com os novos portugueses, muitos deles descendentes das comunidades imigrantes. É um trabalho social que é preciso ser feito. Mas ao mesmo tempo é fundamental garantir o cumprimento da lei e o respeito pelas forças da autoridade".

Para terminar, diríamos que as questões raciais não são algo que preocupe as pessoas em geral no país. Para além destas zonas problemáticas dos subúrbios da capital, os jovens descendentes de imigrantes africanos estão bem integrados, frequentam as mesmas escolas e universidades que todos os outros jovens. Ao contrário de muitos países da Europa, em Portugal não há tensões raciais, as pessoas estão mais preocupadas com a falta de emprego, os cortes nos salários e outros problemas que afetam o dia-a-dia.

Mesmo assim, subúrbios maioritariamente habitados por grandes comunidades étnicas, com alta densidade populacional, alta natalidade e altos índices de desemprego são algo a que o governo não deve fechar os olhos, para que um dia não venha a reconhecer que já é tarde.

Fonte: Voz da Rússia

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