quarta-feira, 30 de outubro de 2013

RÚSSIA E IRÃ ABREM NOVA ETAPA DE COOPERAÇÃO TÉCNICO-MILITAR?


A colaboração militar entre Moscou e Teerã percorreu um longo caminho. Mas, nos últimos anos, se reduziu praticamente a zero. Hoje, podem abrir-se algumas novas perspectivas. Uma prova disso foi a visita de uma delegação militar russa ao Irã após eleição do presidente Rohani.

O comandante da Força Aérea russa, tenente-general Viktor Bondarev, manteve conversações com o seu homólogo, Hassan Safi, o comandante da base de defesa antiaérea iraniana Khatam al-Anbia, brigadeiro Farzad Esmaili, e o comandante das Forças Aeroespaciais do Exército de Guardiães da Revolução Islâmica, general Amir Ali Hajizadeh. Além disso, o alto responsável russo visitou as bases da Força Aérea em Teerã e Isfagan, algumas empresas de reparação de aviões Mig-29, Boeing-707, C-130 e um centro de instrução de pilotos. Na Universidade de Tecnologias Aeronáuticas Shahid Sattari, o general Bondarev se reuniu com o seu reitor, o brigadeiro Muhammad Bahshande.

Ainda na época do governo do xá, os contatos militares eram bastante estreitos. Após a revolução islâmica, nos anos 90 do século passado, a Rússia se tornou o principal fornecedor de tecnologias e armamentos destinados ao Irã. O seu peso no segmento das importações iranianas se fixou em mais de 60%. A Rússia fornecia aviões Mig-29, Su-24MK, os sistemas de artilharia antiaérea C-200VE, três submarinos a diesel Kilo e muitos outros equipamentos militares, incluindo veículos blindados. O analista Vladimir Evseev comenta:

“Perante a instabilidade das relações entre o Irã e os EUA, a contínua crise em torno da questão nuclear iraniana e uma série de múltiplos problemas regionais envolvendo o Irã, para Teerã se torna extremamente importante estabelecer a cooperação militar com a Rússia. Moscou, por seu turno, também gostaria de retomar as relações militares com o Irã”.

Em Teerã, a delegação militar russa examinou a colaboração no ramo da Força Aérea e de defesa antiaérea, a questão da troca de informações e tecnologias nesse domínio, bem como os problemas na aérea de equipamentos eletrônicos e radiolocalização em complexos de mísseis antiaéreos. As partes debateram ainda a interação no processo de instrução de pilotos militares, a manutenção técnica de equipamentos e radares de fabrico soviético e a troca de experiências nessa vertente.

Quanto ao contrato de entrega de sistemas russos de defesa antiaérea S-300, este, como se sabe, prevendo o fornecimento de cinco sistemas no valor 800 milhões de dólares, foi celebrado em 2007. Em 2010, o presidente russo, Dmitri Medvedev suspendeu-o, razão pela qual o Irã apresentou uma demanda ao Tribunal Internacional, exigindo uma indenização no montante de quatro bilhões de dólares. Ultimamente vão surgindo notícias de Moscou não excluir algumas propostas alternativas, prevendo a entrega de sistemas de defesa antiaérea similares mais modernos. Bem ou mal, alguns aspetos desse problema foram igualmente discutidos. Todavia, os peritos assinalam que o chefe da delegação russa não tem competências para travar conversações oficiais sobre o fornecimento dos S-300 ou de outros equipamentos.

Seja como for, o diálogo entre os militares da Rússia e do Irã veio identificar as posições na área de cooperação militar. Destacando a importância política da recente visita, o diretor do Instituto de Avaliações Estratégicas, Viktor Mizin, frisou:

“Moscou, desenvolvendo a colaboração com o Irã, está emitindo sinais aos países do Ocidente. Lembre-se que a Rússia sempre se opôs à criação de armas nucleares pelo Irã, mas queria que isso fosse feito sem sanções rígidas. Por isso, a Rússia se declara pelo desenvolvimento de relações normais com o Irã sem recurso à tática de pressão. Tal política é contraproducente. A cooperação na esfera militar deverá ser prosseguida e até alargada”.

Fonte: Voz da Rússia

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