quinta-feira, 21 de novembro de 2013

EX-MULHER DO REI DA ARÁBIA SAUDITA ACUSA-O DE MANTER FILHAS EM CATIVEIRO


Há já mais de 10 anos que a princesa Anud al-Faiz não tem permissão de ver as filhas que, desde 2001, se encontram em “cativeiro” na terra natal de seu pai – o rei da Arábia Saudita. Em entrevista exclusiva à Voz da Rússia, a princesa acusou a mídia da “conspiração de silêncio” em torno dessa situação inédita do século XXI.

A antiga esposa do atual rei da Arábia Saudita, Abdallah bin Abdul Aziz Al-Saud, nasceu numa família da nobreza jordaniana. Em 2003, após o divórcio, ela teve de abandonar o país e passou a residir em Londres. Apesar de tudo, conservou o título de princesa. Mas durante estes anos, confessou ter “poucos momentos de alegria”. Sem poder conter as lágrimas, a princesa revelou à Voz da Rússia que, a cada hora se lembra de suas filhas que se encontram longe da mãe.

– Há 12 anos que suas filhas, também princesas da Arábia Saudita, se encontram em regime de prisão domiciliária enquanto a mídia mundial não informam nada sobre esta situação. Quer comentar?

– Há 12 anos que as minhas filhas se encontram nessa situação. Tal foi a vontade do seu pai – o atual rei da Arábia Saudita e seus irmãos. Há mais de 10 anos vivo com a esperança de uma vida feliz e de mudanças para melhor. Agora elas nem sequer podem casar. Espero que o pai tenha piedade delas, mas nada disso acontece. Mandamos cartas à ONU e às instituições de direitos humanos com múltiplos pedidos de ajuda, mas não recebemos resposta.

– Quem é que foi encarregado do “caso de quatro princesas”?

– Cabe ao meu advogado tratar disso. Ele é o antigo ministro das Relações Exteriores da França. Tenho mais um advogado. As funções de meu representante estão sendo desempenhadas ainda por Riad al-Saidawi que me ajuda muito por possuir experiência no trabalho com organizações de direitos humanos internacionais.

– Tem alguma informação sobre o estado de saúde e condições de vida de suas filhas?

– A sua saúde se degradou nos últimos anos. Duas filhas são muito fracas e estão doentes, vivendo isoladas do mundo e da sociedade, como se estivessem na prisão, num templo da vila de Jidá. Elas não têm ninguém para lhes servir ou acompanhar. Sabe que na nossa sociedade a mulher não pode fazer nada sozinha (como se sabe, a tradição saudita manda que a mulher só possa sair de casa acompanhada pelo marido ou outro homem da família, nota de red.)

Ora, elas estão lá sem qualquer ajuda ou apoio externo. Um dia, mostrei a Riad al-Saidawi uma carta que recebi da Arábia Saudita, na qual se escreve que as minhas filhas têm uma vida feliz, próspera e despreocupada. Mas isso não é verdade, sei que têm estado sujeitas a pressão psicológica. Até não têm sistemas de ar condicionado. Peço desculpa de não poder contar tudo em detalhe por estar muito emocionada devido às tormentas e provações pelas quais as minhas filhas estão passando.

– Tem alguma possibilidade de convívio com elas?

– Sim, falamos ao telefone, já que o pai permite fazê-lo. Creio que o fez para mostrar a “sua bondade”. Até pôs a circular rumores de que “se eu voltasse ao país, permitiria que vivesse com elas”.

Mas a maior causa da minha saída do país foi o rei Abdallah e seus irmãos. Ameaçaram-me, travando uma guerra psicológica. Tentei regressar, mas as embaixadas da Arábia Saudita não me permitiram prorrogar a vigência do meu passaporte. A família do rei até proibiu à Jordânia (Anud al-Faiz é natural desse país, nota de red.) prorrogar o passaporte interno para que eu não pudesse regressar ao meu país de origem.

– Roland Dumas enviou uma carta à ONU pedindo para ajudar as suas filhas. Já recebeu a resposta?

– Não, não recebemos. Quero atribuir a responsabilidade pelo acontecido à ONU e às demais entidades internacionais que têm ignorado este meu pedido de assistência.

– Considera que a mídia tem desinformado ou escondido a verdade sobre as quatro princesas em regime de prisão domiciliária?

– Sim, a comunicação social, para além de desinformar, se recusa a fazer cobertura mediática do nosso problema. Já no início do conflito, cheguei a Londres para entrar em contato com advogados dos EUA e da Grã-Bretanha. Mas os agentes sauditas deram-lhes dinheiro para que o caso não tivesse eco internacional. Além disso, demorei muito em encontrar um bom jurista, todos fugiam dos contatos comigo e não queriam defender as minhas filhas.

– Por que motivo as suas filhas têm sido tratadas assim enquanto seus irmãos por parte da madrasta estão levando uma vida diferente?

– A resposta é simples: o rei quer tirar a desforra pelo divórcio. Todos os filhos dele estão levando uma vida muito feliz, menos as minhas filhas que estão pagando assim pelo divórcio.

– A comunidade mundial e a ONU têm assinalado certas mudanças positivas na vida de mulheres sauditas. O que pode dizer a esse respeito?

– Infelizmente, a comunidade mundial está influenciada pelo poder do dinheiro, o que leva a distorções no avaliar da situação. Na Arábia Saudita a mulher continua ocupando o lugar mais baixo. O acordo assinado no ano passado com a ONU, visando certas melhorias na esfera dos direitos da mulher, está sendo ignorado pelas autoridades sauditas.

– O que quer transmitir aos ouvintes da Voz da Rússia e a toda a gente?

– Estou lançando apelo à comunidade mundial e a todo o mundo. Mas minhas quatro filhas estão em regime de prisão domiciliária e este é um problema humanitário. Sem receio de exagerar, posso dizer que elas estão condenadas a uma morte lenta e muito dolorosa, visto que a saúde delas já está abalada. Ao longo de 12 anos, tenho sentido uma dor constante e uma grande preocupação pelo destino das minhas filhas. Imagine os seus filhos estarem em perigo, você está gritando por socorro, mas não há ninguém para ouvir….

Fonte: Voz da Rússia

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