sexta-feira, 8 de novembro de 2013

REINO UNIDO ESTUDA PROIBIR MÉDICAS ISLÂMICAS DE USAR VESTE AO ATENDER PACIENTES


Os britânicos enfrentam um debate inusitado, delicado e polêmico: deveria uma médica muçulmana que, por opção religiosa, usa o véu por toda a face retirá-lo no atendimento a um paciente?

Para o premiê conservador David Cameron, sim --tanto que pediu oficialmente, há um mês, a revisão de regras. O país estuda proibir que as médicas escondam o rosto no horário de expediente.

Na verdade, o governo pegou carona na revelação de que 17 tradicionais hospitais britânicos proibiram, sem alarde e usando regras internas, que profissionais de saúde usem esse véu.

Não há uma recomendação nacional. Agora, porém, o governo quer que todos os hospitais do Reino Unido, cerca de 2.300, adotem a mesma regra, sob a alegação de que o pano na face prejudica a comunicação entre médicos e pacientes.

"Certamente, se eu fosse o paciente, gostaria de ver o rosto da médica ou da enfermeira que está me tratando", diz o ministro da Saúde britânico, Jeremy Hunt. "É importante para o paciente obter o contato adequado com os médicos que vão cuidar deles depois", acrescenta.

A decisão do governo teve reação imediata da comunidade muçulmana, segunda maior religião do Reino Unido, com 3 milhões de adeptos, sendo 800 mil mulheres.

É muito comum nas ruas de Londres, por exemplo, cruzar com mulheres usando véu. Há vários tipos, e seu uso é opcional, dependendo da interpretação do Alcorão. A discussão nos hospitais gira em torno do niqab, que cobre todo o rosto, menos os olhos.

A vestimenta sempre foi polêmica em países ocidentais. Na França, não se pode usar o véu integral (niqab e burca) em espaços públicos. No Reino Unido, ele é liberado. O que desperta a atenção agora é o foco do debate: a saúde pública.

CRÍTICA AO GOVERNO

A Folha entrevistou Mussurut Zia e Talat Ahmed, duas das mais ativas lideranças femininas da comunidade muçulmana no Reino Unido.

Elas reconhecem que o véu pode dificultar a comunicação entre médico e paciente, mas alegam que o debate é preconceituoso, não faz sentido agora e só estimula a islamofobia. O véu, dizem, é uma peça religiosa, não uma escolha cultural.

Outro argumento usado por elas é que não há estatística de quantas médicas atendem com o niqab --ou seja, não haveria motivos para a discussão. A estimativa é que pelo menos 10 mil médicos muçulmanos, entre homens e mulheres, trabalhem hoje no Reino Unido.

"É um debate para o público chegar a uma solução, e não para os políticos dizerem o que os britânicos têm que usar", disse Mussurut Zia, que é secretária-geral da Rede de Mulheres Muçulmanas.

E continua: "Não acredito que o véu interrompa a comunicação, mas concordo que pode limitá-la. Podemos encontrar uma forma de melhorar a interação, como a médica tentar um contato a sós com o paciente antes de uma cirurgia, sem a necessidade de obrigá-la a retirar o niqab. As raízes do uso do véu estão no islamismo, não se pode negar isso".

Para Talat Ahmed, dirigente do Conselho Britânico dos Muçulmanos, o governo está usando o debate para tentar "distrair" a população.

"O uso do véu é uma escolha pessoal da mulher --eu, por exemplo, não uso. Um debate como esse só aumenta a islamofobia. O governo quer usar isso para esconder problemas na economia", argumenta a ativista.

Procurado pela reportagem, o GMC (General Medical Council), órgão regulador da atuação dos médicos, esquivou-se.

Disse que não deu nenhum tipo de ordem sobre o que os médicos devem usar, mas faz uma recomendação em seu "guia": "Os médicos devem dar aos pacientes todas as informações que eles querem e precisam saber e da maneira que possam entender".

A Folha localizou médicas que usam o véu em hospitais, mas não quiseram dar entrevistas. Alegam que o contrato de trabalho impede manifestação pública.

O marido de uma delas, por exemplo, afirmou à reportagem que a mulher estava "apreensiva" e, por escrito, informou de última hora que ela desistira de se manifestar.

A reportagem visitou um dos hospitais que proibiram seu uso, o Royal London Hospital, que fica em Whitechapel, região predominantemente islâmica.

Circulou pela enfermaria, por algumas áreas específicas, como a ortopédica e a oftalmológica. A maioria dos pacientes era de muçulmanos, muitas mulheres de véu, mas nenhuma médica.

A assessoria do hospital informou que não se pronunciaria.

Fonte: Folha de São Paulo

Segue o link do Canal no YouTube e o Blog
Gostaria de adicionar uma sugestão, colabore com o NÃO QUESTIONE

Este Blog tem finalidade informativa. Sendo assim, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). As imagens contidas nesse blog foram retiradas da Internet. Caso os autores ou detentores dos direitos das mesmas se sintam lesados, favor entrar em contato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário