O primeiro
suspeito morreu numa troca de tiros com a polícia, mas o segundo conseguiu
escapar. Serão de origem russa. A área metropolitana está parada enquanto a
polícia segue a caça ao homem.
Uma perseguição pela noite dentro e manhã fora, com
trocas de tiros, um suspeito morto e outro em fuga, um policial morto e outro
em estado grave: as autoridades estão a levar a cabo uma caça ao homem que
começou por centrar-se em Watertown, a cerca de 10 quilómetros de Boston, e se
estendeu agora aparentemente a toda a cidade.
Primeiro
eram 12 quarteirões fechados em Newton (um subúrbio a cerca de 11 quilómetros
do centro de Boston), onde se tinha dado a troca de tiros em que acabou por
morrer o primeiro suspeito. Mas agora, as autoridades pediram a todos os
habitantes de Boston para se manterem em casa, e não abrirem a porta a ninguém exceto
a um polícia fardado. O pedido foi reforçado pelo Governador do estado do
Massachusetts, Deval Patrick, numa nova conferência de imprensa à tarde.
Estão
à procura de um suspeito de origem russa que já foi nomeado: Dzhokhar A.
Tsarnaev, 19 anos (o outro seria o seu irmão, Tamerlan). A imprensa americana
diz que serão originários da Rússia, de uma região perto da Tchetchénia. A
Associated Press diz que estavam nos EUA há cerca de dez anos, outros media
dizem há mais de cinco anos. O pai, Anzor Tsarnaev, que mora na cidade
russa de Makhachkala, falou com a Associated Press ao telefone dizendo que
Dzhokhar é "um anjo". "Ele está no segundo ano de medicina nos
EUA. É um rapaz muito inteligente", declarou - começam a ser divulgados os primeiros
pormenores sobre os dois irmãos.
O
espaço aéreo da zona metropolitana de Boston está fechado, os transportes
públicos parados, não há metro, nem autocarros, nem táxis. "Fiquem
fechados em casa", pediram uma e outra vez as autoridades. O apelo
dirige-se a quase um milhão de habitantes, segundo os media locais.
A
operação envolve nove mil agentes. Tudo está focado no chamado "suspeito
n.º 2" e em Watertown, onde a polícia leva a cabo buscas casa a casa. As
televisões mostraram já imagens de polícias a entrarem numa habitação que se
presume ser a do suspeito e a levarem uma mulher para o exterior. A polícia
pediu, entretanto as emissoras de televisão para não comprometerem a operação
ao transmitir as imagens das casas em que está a entrar. À tarde (cerca das
17h45 em Lisboa) a polícia estimava ter completado "60% a 70% por
cento" das buscas. O responsável da polícia de Boston, Timothy Allen,
disse que ainda havia, no entanto, "muito trabalho a fazer".
O
"suspeito n.º 1", que aparecia nas imagens divulgadas pelo FBI com
óculos escuros e boné preto, está morto, confirmou a polícia. O FBI tinha
publicado, há menos de 24h, fotografias e vídeos dos dois suspeitos e
tinha pedido ajuda à população para a identificação dos suspeitos.
O
homem terá morrido no hospital de Beth Israel, com vários ferimentos. Um dos
médicos de serviço tinha ido para o hospital depois de ouvir o alvoroço em
Watertown, onde mora. Mesmo sem saber do que se tratava, e temendo que pudesse
haver feridos, foi trabalhar. É neste hospital que estão também a serem
tratadas várias vítimas do atentado.
Tudo
isto se segue a um tiroteio, na noite anterior, em Cambridge, entre Boston e
Watertown, no campus do MIT, que levou à morte de um
polícial. A polícia confirmou que os suspeitos do atentado na maratona são
também suspeitos da morte do polícia no MIT, tudo a acontecer num raio
de cerca de 10 quilómetros. Na perseguição, um polícia de trânsito ficou ferido
com gravidade.
A
perseguição acontece menos de uma semana depois do atentado que, na
segunda-feira, atingiu a maratona de Boston (a mais antiga do mundo, com exceção
da maratona olímpica). Duas bombas artesanais explodiram matando
três pessoas e fazendo mais de 170 feridos, vários com amputações de
pernas ou pés.
As
últimas horas têm sido de uma tensão digna de filme. Um residente em Watertown,
Andrew Kitzenberg, 29 anos, contou ao The New York Times que, da sua janela, viu
parte da perseguição. Dois homens numa troca de tiros “constante” com a
polícia.
Um
veículo da polícia estava a ir contra os dois homens, mas estes dispararam
contra ele, até os polícias perderem o controlo da viatura. Os dois suspeitos
tinham ainda uma bomba, e “ainda no meio da troca de tiros, atiraram-na contra
os polícias, mas não chegou muito longe”. Kiztenberg viu então os homens correr
em direção aos polícias. Não tem a certeza do que aconteceu ao primeiro, o
segundo conseguiu entrar num veículo da polícia e fugir.
As
autoridades não tinham a certeza se o suspeito terá deixado este carro e
seguido a pé, ou se terá conseguido seguir a fuga noutro carro. Um carro
suspeito, cuja matrícula tinha sido divulgada, foi, entretanto apreendido.
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