Os parceiros ocidentais, segundo tudo indica, acreditaram na sinceridade das intenções de Hassan Rohani de “abrir uma nova página” nas relações da República Islâmica do Irã com o mundo exterior. Mas se a Perestoika (reestruturação) iraniana fracassar, pode já não haver segunda chance de normalizar estas relações. A flexibilidade retórico-diplomática já manifestada por Rohani deve ser seguida de atos práticos.
O discurso do presidente do Irã Hassan Rohani na sessão da Assembleia Geral da ONU foi muito diferente em estilo e conteúdo dos discursos de seu predecessor no cargo, Mahmoud Ahmadinejad. O principal na sua intervenção foi a disposição para conversações imediatas sobre o programa nuclear, sem condições prévias e a disposição geral para o diálogo bilateral com Washington.
Um momento importante foi também a declaração de Hassan Rohani, feita em entrevista à companhia de televisão americana CNN. O presidente iraniano, pela primeira vez a nível oficial, admitiu como fato histórico o extermínio de judeus europeus, pelos nazistas, nos anos 30-40 do século passado, qualificando-o de crime “digno de condenação”. Isto foi, em certo sentido, sensacional, sobretudo porque o predecessor de Rohani no cargo de presidente contestara reiteradas vezes este fato histórico. Por isso, a declaração do novo presidente do Irã não podia deixar de impressionar o público ocidental, inclusive o americano.
A que se deve esta viragem claramente delineada na política iraniana? Ou isto é apenas uma manobra para obter uma trégua, ganhar tempo e com novas forças reiniciar a linha anterior de confronto? Existem todos os fundamentos para supor que o discurso de Hassan Rohani na ONU reflete com suficiente plenitude as opiniões e intenções do novo presidente do Irã.
O cientista político Vladimir Evseev define assim a situação no Irã antes da eleição de Rohani:
“Os oito anos de presidência de Mahmoud Ahmadinejad não foram os melhores na história da República Islâmica, tanto na esfera política, como econômica. Na arena internacional o país transformou-se em pária. O principal problema – o nuclear – tornou-se praticamente insolúvel. Em consequência das sanções financeiro-econômicas introduzidas contra o Irã, foi causado um colossal dano à economia e estabilidade financeira no país. Isto levou a sérias consequências para o destino do regime. Nos escalões superiores do poder sentia-se uma inquietação cada vez mais forte.”
Na situação criada, eram necessários passos decisivos. O homem que poderia tomar essa decisão era o moderado Hassan Rohani. Seus discursos eleitorais e os pronunciados já na qualidade de presidente da república, indicam o anseio de mudar a imagem e o papel do Irã na arena internacional. Pode-se dizer que no Irã, com o início da presidência de Hassan Rohani, começou uma espécie de Perestroika do pensamento político, de afastamento dos clichés ideológicos. "O povo do Irã quer abrir um novo capítulo nas relações com o resto do mundo", declarou Rohani em entrevista à CNN.
Os parceiros ocidentais, segundo tudo indica, acreditaram na sinceridade das palavras e intenções de Hassan Rohani. Os EUA, Grã-Bretanha e França – não sem ressalvas – estão dispostos a dar o crédito de confiança à sua política.
No entanto, nem todos acreditaram. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, avalia de forma diferente o discurso de Rohani na Assembleia geral da ONU. “Em seu discurso não houve propostas práticas de suspensão do programa nuclear militar, como não houve também compromissos de cumprimento das resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Isto corresponde com precisão ao plano iraniano de falar e ganhar tempo para a obtenção da arma nuclear”.
Por outro lado, alguns especialistas consideram que esta declaração é um lance de advertência do primeiro-ministro israelense, que se reserva o direito de – se as palavras de Rohani permanecerem apenas como palavras – declarar "Eu não disse?" E adiante começar a empurrar o Ocidente para ações mais decididas em relação ao Irã.
Até agora Netanyahu, com seu ceticismo, é minoria absoluta. Entretanto se a “Perestoika iraniana” fracassar, poderá não haver uma segunda chance de normalizar as relações de Teerã com a comunidade ocidental. Nesse caso, poderá haver muito provavelmente consequências imprevisíveis para o Irã, a região e o mundo em geral.
Hoje, os oponentes de Teerã preferem guiar-se pelas seguintes considerações: quando se trata do governo do Irã deve-se dar atenção não tanto ao que ele declara, quanto ao que ele faz. Ainda assim, por enquanto, existem todos os motivos para crer que a posição ativa de Rohani será um prelúdio para ações práticas.
Fonte: Voz da Rússia
Segue o link do Canal no YouTube e o Blog
Gostaria de adicionar uma sugestão, colabore com o NÃO QUESTIONE
Este Blog tem finalidade informativa. Sendo assim, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). As imagens contidas nesse blog foram retiradas da Internet. Caso os autores ou detentores dos direitos das mesmas se sintam lesados, favor entrar em contato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário