Em 3 de novembro em Kosovo realizam-se as eleições municipais, pela primeira vez desde o surgimento em 2008 da república albanesa auto-proclamada, em que os sérvios kosovares deverão tomar parte amplamente. Apesar de se tratar apenas de órgãos locais do poder, estas eleições são especiais para a região e os destinos das comunidades sérvias. Elas deverão de fato consolidar o status de Kosovo como estado independente. Belgrado oficial, em essência, entrega a população sérvia da região em troca do início das conversações sobre o ingresso na União Europeia.
Em abril deste ano Belgrado e Pristina, sob pressão de Bruxelas e Washington, assinaram um acordo sobre “normalização” das relações. Ele justamente entregou a Pristina todos os direitos de realização e organização de eleições municipais. Antes disto a Sérvia que por enquanto não reconheceu Pristina oficialmente, reservava-se o direito de organização dos órgãos locais do poder.
Por trás destas eleições está a liquidação definitiva da presença nominal da Sérvia no norte de Kosovo - diz o analista do Instituto de Estudos Eslavos da Academia de Ciências da Rússia, Georgi Engelgardt. Isto será uma espécie de consolidação jurídica da saída da Sérvia de Kosovo: depois das eleições todas as estruturas sérvias em Kosovo e Metokhin automaticamente deixarão de existir. Serão substituídas por institutos albaneses - lembra Georgi Engelgardt:
“Esta é mais uma concessão grande de Belgrado à UE e EUA. Belgrado faz o que dele exigem Bruxelas e Washington - reconhecimento incondicional de Kosovo”.
O norte de Kosovo até agora foi o território mais seguro para a população sérvia - diz Georgi Engelgardt. Com a integração nas estruturas kosovares de governo os problemas não diminuem para os sérvios, ao contrário, só se agravam.
Belgrado, naturalmente, “entrega” os sérvios kosovares em troca da filiação à União Europeia. Só não se entende o que ele espera - prossegue Georgi Engelgardt:
“A Sérvia não se insere na UE nem pelo estado da economia, nem pelo estado do sistema jurídico. E não há quaisquer fundamentos para supor que nos próximos dez anos ela se tornará membro da União Europeia”.
O acordo de Bruxelas prevê, além do mais, a dissolução da polícia sérvia. Em lugar dela em todo o território de Kosovo deverão funcionar apenas estruturas albanesas de manutenção da ordem.
A principal questão, à qual ninguém dá uma resposta, consiste no seguinte: se a Sérvia sair, quem irá defender os interesses da população sérvia em Kosovo? Claro que não será a polícia albanesa. É lamentável que os sérvios kosovares sejam lançados às eleições não apenas por Washington e Bruxelas, mas também pelas autoridades em Belgrado. Assim comenta o que ocorre a especialista do Centro de estudos da crise balcânica atual, Anna Filimonova:
“Sendo que as autoridades sérvias empurram os sérvios para as eleições com ameaças e chantagem. Os sérvios que trabalham no sistema de administração local, saúde pública, educação e cultura são ameaçados de demissão, se eles e suas famílias não forem votar. Violando as leis, antes do término do prazo dos mandatos foram afastados todos os principais chefes das comunidades sérvias no norte do Kosovo”.
Todos foram substituídos por dirigentes complacentes, que aceitam as eleições.
As primeiras eleições análogas em 2009 foram boicotadas pelos sérvios de Kosovo.
Na véspera das eleições de 3 de novembro foi paradoxal a a situação criada em torno deles. O primeiro-ministro da Sérvia, Ivica Dačić exorta os sérvios locais a tomar parte ativa na votação, para “garantir seus direitos”. “Só se pode devolver Kosovo à Sérvia por meio de Guerra” - diz ele. E Belgrado não está pronto para tão guerra.
Nos enclaves do norte de Kosovo, onde se concentra a maioria da população sérvia, os sérvios arrancam os cartazes dos candidatos sérvios, que são chamados abertamente de colaboracionistas. É simples o cálculo dos que não pretendem submeter-se aos albaneses: se as eleições fracassarem, fracassarão os entendimentos de Bruxelas sobre a “normalização” e significa que será frustrado também o reconhecimento de Kosovo pela Sérvia.
Desde 2008 Kosovo foi reconhecido por cerca de 100 países membros da ONU. Dos 28 membros da UE, não reconhecem Pristina a Grécia, Espanha, Chipre, Romênia e Eslováquia. A Rússia recusa-se a considerar legal a estrutura estatal kosovar, por motivo das violações da Carta da ONU no processo de formalização do status de Kosovo. Sua estrutura estatal também não foi reconhecida pela China, India, Geórgia, Brasil, Israel e mais cerca de 60 países. Quase todos eles temem que o reconhecimento crie um precedente perigoso e estimule o movimento separatista em todo o mundo.
Fonte: Voz da Rússia
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