quarta-feira, 27 de novembro de 2013

HAMID KARZAI: JOGOS, TRAPAÇAS E DOIS CANOS FUMEGANTES


O Taliban declarou que iniciará negociações com Cabul só após a retirada completa das tropas estrangeiras do país. Mas se Karzai assinar um acordo de segurança com os EUA, conselheiros estrangeiros e fuzileiros navais ficarão no país por alguns dez anos, no mínimo. E se não assinar, os Estados Unidos ameaçam retirar todas as tropas e suspender pagamentos salariais ao Exército afegão.

Quando o presidente do Afeganistão declarou na Loya Jirga, grande assembleia afegã, que não assinará este acordo, o seu antigo aliado e chefe da Jirga, Sebghatullah Mujadidi, subiu a tribuna e ameaçou renunciar a todos os cargos e abandonar o país, se Karzai não firmar este documento durante os três próximos dias.

Karzai não atendeu às palavras do amigo. Por que razão?

Seus problemas não são novos. Toda a longa história de revoltas no Afeganistão não é uma lista de vitórias e derrotas, mas sim um formulário prático de vias para atingir compromissos. Os dirigentes do país nunca aspiravam ao impossível – destruir definitivamente o inimigo. Independentemente ou, como agora, com a ajuda de tropas, armas e dinheiro do exterior, ocupavam uma posição forte e, posteriormente, começavam a negociar, cedendo dinheiro a alguns antigos inimigos ou partilhando o poder com outros.

Agora chegou a altura de negociar novamente. O Taliban já está disposto a começar conversações e se preocupa com que Karzai não se esqueça “regras do jogo” habituais. Um comandante disse em entrevista ao Daily Beast:

“Será que Cabul não entende que as conversações pacíficas com o Taliban são mais importantes que a presença de militares estrangeiros? A nossa resistência longa e tenaz teve por objetivo expulsar tropas estrangeiras do país.”

No momento em que o presidente afegão estava disposto, ao que tudo indicava, a privar o Taliban do sentido de sua existência, outro combatente lamentou sinceramente: “Agora todos conhecem que não há mais hipóteses para conversações pacíficas e que temos pela frente ainda dez ou mais anos de guerra. Este será mais um choque para os talibãs que se manifestavam a favor das negociações”.

Mas o presidente não está violando o esquema clássico, colocando novas condições aos EUA e dando o primeiro sinal ao Taliban: “Não esqueci nada”. Assim, há dois anos, o Taliban suspendeu as conversações com o Ocidente por este ter renunciado a libertar todos os presos afegãos de Guantánamo. Agora, a mesma exigência é apresentada por Karzai. Os EUA tentarão entender-se com o Taliban por separado? Mas isso não resultou nunca. E Karzai exige que a América lhe apresente por escrito compromissos de ajudar a “encetar um processo de paz real”, isto é conversações diretas com o Taliban.

As autoridades do Afeganistão estão revendo o Código Penal. Entre 26 emendas figuram o apedrejamento publico até a morte pelo adultério (os não casados são condenados a 100 chicotadas), a amputação de membros superiores e inferiores aos ladrões e salteadores. O Ocidente está indignado, mas os islamitas radicais não poderá falar mais que as autoridades do Afeganistão não respeitam as leis da sharia.

Por outro lado, a observação dos direitos humanos prevê uma ajuda de 16 bilhões de dólares. Mais de 8 bilhões de dólares são prometidos pelos EUA para a manutenção do Exército, inclusive 4 bilhões para pagamentos salariais aos militares, sem falar de fornecimentos de helicópteros e de outros equipamentos bélicos. Será difícil negociar com o Taliban sem “canos” – forças de segurança. Mas 10 mil militares estrangeiros são um obstáculo insuperável nas conversações. Talvez seja possível entender-se estes se comportem tranquilamente? “Se os americanos deixem de irromper em casas e de bloquear ruas e caminhos, se as operações militares terminem e nossas pessoas sejam livres no seu país? Se os americanos voltem a irromper em alguma casa, este acordo será cancelado”.

É assim que Hamid Karzai anunciou na Loya Jirga sua primeira posição no compromisso de admitir a presença de militares. Naturalmente, desde o momento de sua intervenção, as operações militares não terminaram, mas a perspetiva e os compromissos foram declarados.

Na opinião de diplomatas ocidentais, Karzai está jogando perigosamente, conflituando com os EUA. Mas o presidente, como parece, tenta ainda repetir combinações engenhosas dos seus grandes antecessores que conseguiram vencer seus aliados e adversários no “grande jogo” pelo poder no Afeganistão, num jogo sem regras e amigos.

Fonte: Voz da Rússia

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