sexta-feira, 22 de agosto de 2014

EUA DÃO INÍCIO À INVESTIGAÇÃO SOBRE A DECAPITAÇÃO DE JORNALISTA AMERICANO


Morte de jovem negro em Ferguson trouxe à tona polarização racial nos Estados Unidos

No dia 28 de agosto de 1963, o pastor batista Martin Luther King fez um discurso em Washington, nos Estados Unidos, que entrou para a história: em frente a uma multidão de 250 mil pessoas, ele pediu o fim da desigualdade racial.

"Não estaremos satisfeitos enquanto a mobilidade básica do negro for apenas de um gueto menor para um maior", disse.

Luther King havia se tornado naquele momento um baluarte dos direitos civis dos Estados Unidos, uma voz poderosa que clamava por um país onde não existiriam divisões raciais.

Cinco décadas depois, os Estados Unidos mudaram e a distância que separa os negros dos brancos diminuiu.

Mas as tensões raciais permanecem subjacentes, à espera de episódios como o ocorrido em Ferguson para voltar à tona.

Subúrbio pobre do Estado americano do Missouri, Ferguson foi palco da morte de Michael Brown, de 18 anos, por um policial branco na semana passada. O jovem estaria desarmado.

A morte de Brown causou revolta e desencadeou uma onda de protestos, à luz da polarização racial ainda existente no país.

Na terça-feira, um segundo jovem negro foi morto, adicionando maior comoção à reação popular.

Alta segregação

Universidade americana constatou que segregação permanece elevada no país

Mas, há três décadas, Ferguson era um lugar de maioria branca. Em 1980, segundo dados do Censo americano, 85% de seus habitantes declaravam-se brancos.

Mas progressivamente os brancos de Ferguson foram deixando a cidade e hoje a proporção racial da população se inverteu: de seus 21 mil habitantes, 15 mil são negros.

Ferguson não é um caso isolado nos Estados Unidos e, à medida que mais negros deixam as cidades para se estabelecer nos subúrbios, é comum ver bairros ou mesmo cidades americanas onde eles têm um peso importante no contexto populacional.

"Tem havido uma 'suburbanização' da população negra e muitos subúrbios que eram comunidades predominantemente brancas agora são mistas ou negras", disse à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, Reynolds Farley, especialista em demografia da Universidade de Michigan.

Um estudo de 2011 da Universidade de Brown, em Rhode Island, analisou a composição média dos bairros americanos e constatou que o "branco típico" do país vive em um bairro onde 75% da população é branca e 8% é negra.

Já o típico negro, por sua vez, vive em um bairro onde 45% pertencem à sua raça e 35% são brancos.

Uma das conclusões do estudo, chamado A persistência da segregação na metrópole, é que negros e brancos têm relativamente poucos vizinhos de outra raça em seus próprios bairros.

"A segregação entre negros e brancos permanece ainda muito elevada", diz o estudo. O documento mostra, no entanto, que a distância entre as raças vem diminuindo lentamente desde os anos 70.

Duas das razões para esse declínio são os movimentos migratórios da população negra para áreas menos segregadas do país ou para os subúrbios.

Na mesma pesquisa, fica claro que San Luis, a maior cidade de Ferguson, se situava em 2010 como uma das áreas metropolitanas mais segregadas dos Estados Unidos.

Outro lado

Entidade conservadora afirma que EUA registram maior integração racial desde 1910

Mas um levantamento demográfico feito pelo Instituto Manhattan de Pesquisa Política, uma entidade conservadora sediada em Nova York, diz o contrário.

O estudo concluiu que as cidades nos Estados Unidos atingiram o seu mais alto nível de integração racial desde 1910: os bairros totalmente brancos praticamente desapareceram e os chamados "guetos" estão em declínio.

"Em 2010, a segregação racial estava em seu nível mais baixo em quase um século", diz o estudo. "Há 50 anos, quase metade da população negra vivia no que poderia ser chamado de um bairro "gueto", com uma proporção de 80% afro-americanos. Hoje, essa proporção caiu para 20%".

Na época de sua publicação, o relatório provocou a ira de especialistas no assunto. Segundo eles, a segregação não foi erradicada nos Estados Unidos.

Para Farley, o estudo "superestimou a integração" que teria ocorrido nos Estados Unidos.

Um dos autores da pesquisa, Jacob Vigdor, que agora leciona na Universidade de Duke, na Carolina do Norte, esclareceu à BBC Mundo que não disse que "os (bairros) deixaram de ser segregados; apenas afirmamos que o país registrou a maior integração racial desde 1910".

Vigdor acrescentou que a redução da segregação reflete tendências que não são observadas em subúrbios localizados próximos das cidades, mas sim naqueles mais distantes ou nas próprias periferias da metrópole.


Segunda morte de homem negro pela polícia de Missouri inflamou protestos

Ele enfatizou que, em relação às últimas décadas, o país mudou.

"Dois terços da população de Ferguson é negra", diz ele.

"Há 40 anos, não havia uma comunidade sequer nos Estados Unidos que registrava tal proporção. Ou havia 5% de negros ou mais de 90% de negros".

Já Reynolds Farley, da Universidade de Michigan, acredita que, apesar dos progressos consideráveis em algumas áreas, ainda existem muitos desafios para que o sonho de Martin Luther King se concretize.

"Quando pessoas pobres de um determinado grupo racial se concentram em uma área, há uma falta de oportunidades e há maior relutância em investir nessas áreas."

"Há efeitos remanescentes da segregação residencial-racial", conclui.

Fonte: BBC Brasil

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