quinta-feira, 21 de novembro de 2013

COMO SLOBODAN MILOSEVIC VENCEU A PARTIDA CONTRA OS NORTE-AMERICANOS


A Voz da Rússia continua a publicar as memórias do jornalista russo Konstantin Kachalin, que trabalhou nos Bálcãs durante 10 anos.

Durante os vinte dias que duraram as intensivas negociações na base aérea de Wright-Patterson Richard Holbrooke, que foi apelidado de Bulldozer, e o chefe do Departamento de Estado Warren Christopher conversaram durante muitas horas com cada um dos três líderes da antiga Iugoslávia.

O presidente croata Franjo Tudjman conseguir resolver, com a ajuda dos norte-americanos, o problema da Eslavônia Oriental. O presidente da Bósnia Alija Izetbegovic conseguiu obter um estatuto especial para Sarajevo e recebeu o enclave muçulmano de Gorazde em troca do corredor de Posavina. A Bósnia e Herzegovina foi dividida em três partes nas quais deveriam viver, separados uns dos outros, os muçulmanos, os croatas e os sérvios. Sarajevo seria formalmente a capital do país. Na realidade a Bósnia ficou com três cidades principais: Sarajevo para os muçulmanos, Mostar para a Federação Muçulmano-Croata e Banja Luka para os sérvios.

A operação da OTAN para pacificar a Bósnia recebeu em Bruxelas o nome de Cavalo Selvagem. Domar o lado selvagem da guerra, desarmar exércitos enormes e fazer regressar as pessoas (cerca de 1 milhão) aos seus lares foi a tarefa atribuída a 60 mil soldados e oficiais da OTAN. A missão de paz com recurso à força (a força foi sempre respeitada nos Bálcãs) foi avaliada em 3,5 bilhões de dólares.

O presidente Bill Clinton nessa altura ainda não tinha obtido a aprovação do Congresso para enviar os seus rapazes para a região do conflito. Os republicanos queriam levantar o embargo ao fornecimento de armas aos muçulmanos e conceder-lhes créditos. Para quê arriscar vidas de soldados americanos? Os franceses e os ingleses estiveram na Bósnia durante mais de três anos. Eles tiveram motivos de orgulho: não permitiram que a guerra atingisse o absurdo total. Agora os “boinas azuis” seriam substituídos pelos do costume e – em frente, vamos impor a paz.

Também o contingente russo permaneceu na Bósnia. A divisão russa continuou acantonada na República Sérvia.

No dia 20 de novembro de 1995 Bill Clinton adiou todos os assuntos de Estado e se preparava para voar até ao estado de Ohio. Porque é que a cerimônia solene foi adiada por mais um dia? Diziam que a maratona de Dayton já não podia continuar. Os representantes do Departamento de Estado norte-americano consideravam que vinte e um dias eram suficientes para eles esclarecerem entre si as suas relações puramente políticas e territoriais. Parece que todos já tinham aceitado o plano do Grupo de Contato para uma divisão territorial da Bósnia e Herzegovina pelo princípio 51% para 49%. Ou seja, 51% para os muçulmanos e os croatas e 49% para os sérvios bósnios. Na opinião de muitos diplomatas a questão geográfica (quem ficaria com que território) não seria assim tão explosiva. Mas aconteceu o contrário.

Em que consistiu afinal o motivo de mais um desentendimento? Conseguiram resolver 99% de todos os problemas, houve 1% que era uma bomba relógio. Os croatas e os muçulmanos deveriam ceder o corredor de Posavina em troca do corredor entre Sarajevo e Gorazde. O corredor e a sua largura foram o ponto da discórdia. Os sérvios queriam unir a parte ocidental da República Srpska com a oriental para ter continuidade territorial. Mas os croatas bósnios eram contra. Pelo menos o parlamento francês criticou fortemente essa permuta.

Além da questão de Posavina, Slobodan Milosevic impôs como condição principal o levantamento das sanções econômicas contra a Iugoslávia. Segundo a agência Reuters, o presidente iugoslavo declarou com firmeza que não assinaria os acordos de Dayton enquanto não lesse as decisões do Conselho de Segurança da ONU sobre o fim das sanções contra a Sérvia e Montenegro. Mas o CS ficou, ele próprio, numa situação difícil. Sem os Acordos de Dayton ele não podia aprovar qualquer resolução.

Os resultados das negociações de Dayton eram aguardados não só em Washington, mas também em Bruxelas. Aqui se decidiam as questões econômicas para a recuperação da economia da Bósnia e Herzegovina. Os enormes créditos a fundo perdido (10 bilhões de dólares) podiam ser concedidos a qualquer momento. A "cenoura econômica" deveria funcionar. Mas não. Dinheiro é dinheiro, mas poder é poder. Slobodan Milosevic, de quem os norte-americanos nunca gostaram, conseguiu ganhar a partida não só contra os seus antigos inimigos Franjo Tudjman e Alija Izetbegovic, mas também contra o político mais traiçoeiro que foi o Bill Clinton.

Fonte: Voz da Rússia

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