sexta-feira, 22 de novembro de 2013

MENSALEIRO FORAGIDO NA ITÁLIA REACENDE A ESPERANÇA EUROPEIA PELA EXTRADIÇÃO DE CESARE BATTISTI


"Antes tarde do que nunca", dizia minha avó, filha de italianos, quando a vida lhe oferecia a oportunidade de reparar algumas injustiças, seja cometida por ela, seja contra ela. Minha velha vó, hoje bem doente, nunca foi metida a desavenças, tampouco é conhecida por prejudicar alguém. Mas como toda italiana que se prese, gostava de recorrer a frases feitas para gerar impacto à conversa, sempre conduzida com paixão, da maneira mais dramática possível no meio da cozinha.

A lembrança desse ditado popular "carcamano" vem bem a calhar neste momento, quando os juristas nacionais discutem o que fazer para reaver o ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, condenado por envolvimento no mensalão – e que fugiu de mala e cuia para a Itália para escapar de uma pena de 12 anos e sete meses de prisão ao lado de algumas figuras célebres do tesouro e do campo político nacional.

Quis o destino que essa história toda acontecesse há exatos quatro anos do caso Cesare Battisti, que para escapar da cadeia certa lá na Itália, veio parar nesses trópicos emergentes, onde obteve status de refugiado político e no último dia do governo Lula, teve seu pedido de extradição negado, permanecendo então no país como exilado.

Bom, um caso não tem nada a ver com o outro, podem resmungar alguns leitores. Com toda razão. Pizzolato é corrupto e, como sugere o sobrenome, também cidadão italiano (ele tem dupla nacionalidade). Já Battisti não tem nada de brasileiro. Além de não saber sambar é um ex-ativista comunista acusado de quatro crimes hediondos entre 1977 e 1979. Crimes pelos quais já foi inclusive condenado pela Justiça de Milão, que em 1988 logrou sentença de prisão perpétua ao homem.

Mas a verdade é que, se não são similares na ocorrência polícial, são muito parecidos no clamor popular. Tanto que não só podem, como tem tudo para serem equiparados para que um sirva como moeda de troca ao outro, sobretudo pelo governo italiano, que reservadamente já dá sinais de analisar a situação.

Muito discretamente, parlamentares italianos começam a avaliar como poderão condicionar uma investigação sobre o ex-diretor do Banco do Brasil, e mesmo sua eventual extradição, ao caso de Cesare Battisti.

Recentemente, fontes governamentais em Roma confirmaram aos jornalistas brasileiros que a fuga de Pizzolato já entrou na agenda política. A tendência, segundo o repórter Jamil Chade do jornal O Estado de São Paulo, é de que o governo dê uma resposta ao Brasil também com um "forte cunho político".

Quem já conversou com um italiano minimamente politizado sabe o quanto a pena de Battisti goza de consenso no país europeu, capaz de unir em um só lado do ringue partidos de posições radicalmente opostas. A verdade é que a elite política italiana ainda acredita que o asilo concedido ao ex-militante de esquerda da região do Lácio pode ser reconsiderados pelo governo brasileiro. Para essa turma, a hora de trabalhar por essa convicção é agora.

Oficialmente, porém, a posição dos italianos sobre o assunto é completamente low profile. Pizzolato estava com seus passaportes apreendidos no Brasil. Mesmo sabendo da situação, as autoridades romanas teriam concedido uma outra via do documento para ele embarcar para a Europa. Exatamente por isso, o governo italiano ordenou a todos os seus ministérios um silêncio total sobre o caso. O objetivo seria evitar uma crise diplomática entre os dois países. "Não temos nada a dizer sobre o assunto por enquanto", afirmou o Ministério da Justiça da Itália por meio de sua assessoria de imprensa.

Da parte do Brasil, a justiça trabalha com duas hipóteses: o pedido de extradição, uma ação de cooperação para o cumprimento da pena de sete anos e 12 meses a qual o réu foi sentenciado na Itália ou um novo julgamento no país europeu. Nesta última hipótese, confesso que seria no mínimo curioso acompanhar um togado italiano julgando o mensalão brasileiro.

Seja como for, tanto para cá, quanto para lá do Atlântico, a história promete lances e desdobramentos muito curiosos. É engraçado como os homens produzem fatos inusitados e como a vida se encarrega de reforçar a sabedoria de popular que minha vó tanto conhecia, e que gostava de repetir aos netos, bem no meio de sua cozinha.

Fonte: Voz da Rússia

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