A equipe da Voz da Rússia tem um motivo para cumprimentar nosso colega, candidato a doutor em História e colaborador científico do Instituto de Estudos eslavos da Academia de Ciências da Rússia, Piotr Iskenderov. Foi publicada sua nova monografia dedicada à problemática balcânica, "Sérvia, Monte Negro e a questão balcânica no início do século XX". O autor fala sobre suas principais teses.
Piotr Iskenderov: O livro "Sérvia, Monte Negro e a questão balcânica no início do século XX, como se deduz pelo título, é dedicado a um dos problemas mais atuais de hoje. Na pesquisa é feita uma tentativa de seguir a tipologia do surgimento de conflitos entre nações no exemplo dos Bálcãs e também analisar a posição dos principais jogadores, tanto nos Bálcãs propriamente, como na arena internacional, em primeiro lugar na Europa. Também eu tentei analisar os modelos de solução de semelhantes conflitos, que poderiam ser aplicados, em particular, em relação às contradições sérvio-albanesas, mas, por umas ou outras causas, via de regra, em conseqüência da influência de fator externo, não foram realizadas. Este livro foi resultado de muitos anos de trabalho com documentos de arquivos russos, sérvios, montenegrinos e albaneses, e também de arquivos da Áustria, Itália e outros países europeus.
Voz da Rússia: Que mensagens estão encerradas em seu trabalho?
Piotr Iskenderov: Na base da análise eu me permiti tirar algumas conclusões, relacionadas com a situação atual nos Bálcãs e também ao papel de grandes potências e da necessidade de delimitar os interesses dos Estados e povos.
Aquilo que nós estamos observando agora prova que o desenvolvimento da história nos Bálcãs decorre em espiral. Muitos acontecimentos que agora ocorrem nos Bálcãs e que novamente põe em dúvida a ordem legal e até mesmo as fronteiras balcânicas existentes, ocorreram nessa região justamente há cem anos. E a falta de solução das questões não levou a nada de bom. Hoje nós vemos que as potências européias, em geral a opinião pública internacional, começa a subestimar o potencial do barril de pólvora balcânico, que costuma detonar uma vez em cem anos.
É conhecida a declaração do antigo chanceler alemão Gerhard Schroeder, que disse que a posição ocupada pela Alemanha em apoio aos separatistas albaneses em Kosovo permitiu à Alemanha desempenhar um papel mais ativo na crise iraquiana e lá manifestar-se mais duramente contra os EUA. Este é um exemplo de como a teoria de contenção e contraposição, que tem caráter geopolítico, permite às grandes potências alcançar seus objetivos, sem levar em consideração em especial os destinos de povos inteiros.
Voz da Rússia: Pode-se considerar que em sua monografia desmente alguns mitos? Em caso positivo, que mitos são esses?
Piotr Iskenderov: Trata-se, de um lado, da suposta programação original do problema do Kosovo, de contradições historicamente inevitáveis entre sérvios e albaneses no espírito da conhecida concepção de choques de civilizações. Em outro pólo estão as numerosas pesquisas, feitas em primeiro lugar na Europa Ocidental e EUA, que negam totalmente qualquer ameaça de parte do fator albanês. Eles acusam de tudo a parte sérvia, não vêem nada de terrível na auto-proclamação da independência de Kosovo e não notam absolutamente qualquer ameaça que parte do fator albanês contemporâneo. A principal conclusão, na minha opinião, consiste em que os conflitos entre nações, semelhantes ao de Kosovo, e em geral as contradições entre sérvios e albaneses podem ser solucionadas com a aplicação de modelos de integração, se os povos balcânicos não forem impedidos de entrar em entendimentos entre si.
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Concluindo a entrevista nós queremos desejar ao nosso colega da Voz da Rússia Piotr Iskenderov êxitos na publicação de novos trabalhos científicos.
Fonte: Voz da Rússia
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