sexta-feira, 13 de setembro de 2013

FORÇAS INTERNACIONAIS TENTAM CONTROLAR TRÁFICO DE ARMAS NA ALBÂNIA


Em meados de abril de 1997 voltei de novo para a Albânia. A situação era dramática – o país deixara de se subordinar ao poder central e foi necessário restabelecer a ordem com ajuda da OSCE. Naqueles dias, voltei a ver como esse país pobre se tornava cada vez mais pobre e difícil de controlar.


Os analistas locais tinham total razão quando diziam que a população albanesa, subnutrida e explorada pelos ricos, possuía armas no valor de dois bilhões de dólares. Após prolongadas conversações, foi possível confiscar, das armas outrora roubadas, apenas 15.000 unidades, no essencial armamento pesado. A máfia local se apressou a comprar as antigas armas automáticas AKM de fabrico chinês e soviético, absolutamente aptas para uso. Muitas metralhadoras foram transportadas depois para a Iugoslávia. Na Europa Ocidental havia muitas pessoas que queriam adquirir armas em bom estado por algumas dezenas de marcos alemães. Para os albaneses, tais negócios constituíam uma autêntica fortuna, enquanto para os mafiosos ricos e ávidos de dinheiro, pouco valiam.

Entretanto, a experiência do contingente da OTAN na Bósnia demonstrou que o conhecimento das línguas locais facilitava a comunicação com os habitantes. A OTAN editava guias de conversação especiais para os "capacetes azuis". A OSCE também decidiu editar um dicionário com 200 expressões albanesas que todos os elementos das forças policiais internacionais na Albânia deviam aprender de cor. As principais frases eram: "Alto lá!", "Mãos ao alto!", "Deita fora a arma!", "Mostra os documentos!", "Aonde vais?", "Abre o porta-malas", "Por que trazes a arma?", "Deita-te e não te movas".

Mas era difícil aprender a falar o idioma albanês por meio desse guia. Como uma parte da população compreendia o italiano e o grego, os policiais da Itália e da Grécia eram os mais sobrecarregados. Os turcos também tiraram vantagem desta situação por conhecerem a Albânia desde há muito tempo.

Todavia, para o comando das tropas, o maior problema não era tanto a presença de muitas pessoas armadas, como centenas de milhares de famintos, cuja conduta era mais perigosa ainda do que a de bandidos armados. Por isso, os soldados e oficiais das forças de paz andavam munidos de coletes à prova de bala, pás de sapador e capacetes, cujo peso total excedia 50 kg para cada pessoa. Assim sendo, a missão de paz, para além de ser perigosa, era também realmente uma "barra pesada" e difícil de executar.

Mas um problema que atraiu a minha atenção foi a que os albaneses pobres tentavam, por todos os meios ao seu dispor, atravessar a fronteira para se distanciar da dura e trágica realidade do dia-a-dia. A máfia albanesa passou a usar o antigo navio petroleiro Irini para levar os fugitivos para a Itália, nomeadamente para o porto de Bari. Segundo o jornal Repubblica, até se estabeleceu uma tarifa especial: a cada passageiro era cobrada a soma de 8.000 marcos alemães. Deste modo, uma viagem no Irini, organizada para os que queriam viver num país próspero e rico, proporcionava aos donos um milhão de marcos. O navio costumava passar rápida e tranquilamente através do estreito de Oranto, perto da fronteira com o Montenegro, onde nunca tinha havido nem sequer o mínimo controle fronteiriço. Desde o início dos confrontos armados, 13.000 pessoas se deslocaram para a Itália.

Quando as forças internacionais policiais procederam à sua missão de paz, o afluxo de refugiados parou: a polícia marítima especial passou a fazer patrulhamento no mar Adriático durante dia e noite. Após a tragédia de 28 de março de 1997, quando um navio albanês colidiu com uma embarcação italiana, fazendo 80 mortos, quase ninguém mais conseguia passar através do estreito de Oranto de forma ilegal.

O combate à máfia local, responsável pelo transporte ilegal de pessoas para a Itália, era uma das tarefas a cumprir pelas forças de paz. Mas a sua meta fundamental era garantir a segurança durante a distribuição da ajuda humanitária. O principal contingente das forças de paz se encontrava no centro e no sul do país, mas no norte, na cidade de Shkodra, de onde vinha o já referido navio Irini, não havia nem um soldado das forças de manutenção de paz. Esta "lacuna" foi logo preenchida por elementos criminosos.

Os italianos ficaram pouco satisfeitos com o fato de o seu país se ter comprometido com o restabelecimento da ordem na Albânia. Primeiro, tal operação foi muito dispendiosa, em segundo lugar, não era muito fácil apaziguar na prática os albaneses insurrectos. Na ausência de competências especiais - os soldados nem sequer tinham o direito de abrir fogo – apenas se podia tentar sensibilizar os habitantes locais.

Fonte: Voz da Rússia

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