Tiveram início, a 9 de junho em Genebra, os dois dias de negociações diretas entre altos diplomatas iranianos, norte-americanos e europeus relativamente ao programa nuclear iraniano.
O objetivo destas consultas é tentar aproximar as posições antes de mais uma rodada negocial, planejada para 16 de junho, entre o Irã e o sexteto de negociadores internacionais (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha). Objetivos idênticos orientam as conversações russo-iranianas em Roma planejadas para 11 e 12 de junho.
O nível das personalidades participantes do Irã, dos EUA e da União Europeia é bastante elevado e logo após as consultas trilaterais teve lugar um encontro bilateral entre o Irã e os EUA. Apresentamos o comentário da analista política e orientalista Irina Fedorova:
“Ainda há um ano, este tipo de encontros entre iranianos e norte-americanos seria uma sensação internacional. Claro que anteriormente Teerã e Washington já tinham tido diversos contatos bilaterais, inclusive à margem das negociações com o sexteto. Além disso, em 2013 em Omã, ambos os países realizaram consultas secretas que resultaram num acordo importante – o Plano de Ação Conjunta. Contudo, desta vez Teerã anunciou pela primeira vez a realização de negociações oficiais bilaterais entre iranianos e norte-americanos.”
Muitos observadores se apressaram a lhes atribuir uma aura de sensacionalismo. Mas hoje isso já não é uma novidade, mas sim a consequência lógica dos esforços conjuntos dirigidos para uma solução definitiva do problema nuclear iraniano, na qual todas as partes estão interessadas.
As negociações se desenrolam num ambiente de secretismo rigoroso. Segundo as declarações dos iranianos, seu tema se limita à questão nuclear e, sobretudo, ao problema do levantamento das sanções ocidentais ao Irã. Esse é realmente um problema complexo. Qual deverá ser o mecanismo do processo de levantamento das sanções? Qual será a sequência do seu levantamento? Quais devem ser os prazos? Tudo isso deverá ser decidido, em primeiro lugar, entre os iranianos e os norte-americanos. Não foi por acaso que a discussão principal foi realizada, em primeiro lugar, entre o Irã e Washington. Também existem as questões relacionadas com os limites admissíveis do programa nuclear iraniano e do seu desenvolvimento posterior que possam obter o acordo dos adversários do Irã. Nesse ponto o Irã e os EUA apresentam divergências. Provavelmente será o formato bilateral o mais favorável à resolução de questões concretas entre as partes.
Depois do primeiro dia de negociações, o chefe da delegação iraniana e vice-ministro das Relações Exteriores do Irã Abbas Araqchi referiu: “Nós trocámos opiniões sobre quase todas as questões em agenda. A atmosfera era boa, positiva, mas ainda temos um longo caminho pela frente. Nós tentamos aproximar nossas posições.” No entanto ele não acedeu a comentar quais são as divergências que permanecem entre as partes. As negociações continuaram no dia 10 de junho.
O período de vastas negociações, que está decorrendo poucos dias antes do encontro de Viena entre o Irã e o sexteto, também cria expetativas porque a delegação iraniana, logo após as conversações com os norte-americanos, parte para Roma, onde em 11 e 12 de junho irá realizar consultas bilaterais com o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Ryabkov. No seu conjunto, essa sequência de reuniões é compreensível. Quem tem mais queixas contra o Irã são os EUA, que foram também quem avançou com as sanções. É precisamente com eles que os iranianos tentam resolver as divergências principais e abrir caminho para uma compreensão geral. É bastante provável que em Roma serão discutidos, com a parte russa, os resultados das negociações com os norte-americanos e será feita uma clarificação das posições de Moscou sobre as perspectivas e os caminhos para a resolução do problema nuclear, tendo em conta a posição já conhecida de Washington.
Não há dúvidas que o diálogo de Teerã com os países do sexteto negocial está entrando em sua fase decisiva. Desde o início do ano que as partes realizaram uma série inédita, pela sua frequência, de reuniões para a preparação de um acordo final, o qual deverá garantir o caráter pacífico do programa nuclear do Irã e levar ao levantamento das sanções contra esse país.
Recordemos que em janeiro entrou em vigor o acordo temporário entre o Irã e o sexteto negocial. Teerã está cumprindo suas exigências na esperança de obter o cancelamento das sanções introduzidas pelos EUA e pela União Europeia.
O prazo de vigência do acordo temporário termina a 20 de julho, altura em que o Irã e os seis negociadores deverão concluir um acordo abrangente. Contudo, existem certos indícios que apontam para que essas negociações se possam prolongar por mais seis meses.
Fonte: Voz da Rússia
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