quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

FROTA RUSSA DO ÁRTICO: EM BUSCA DE UM MODELO


Na imprensa russa surgiram informações sobre a criação de uma nova formação das Forças Armadas no norte do país – o Comando Estratégico Unificado (CEU) composto pela Frota do Norte e pelas unidades que lhe estão adstritas. A decisão ainda não foi formalizada em documento oficial, mas a intensão já é evidente: a defesa dos interesses da Rússia no Ártico exige uma estrutura que tenha isso como seu objetivo principal.


A nova realidade

A atual situação do Ártico se distingue da anterior, em que a luta pela região do norte não podia ser analisada independentemente dos demais teatros de operações. A zona do Ártico tinha para a URSS uma importância crucial como uma posição a partir da qual se tinha acesso ao Atlântico, assim como o espaço mais provável para um conflito nuclear – era sobre o Ártico que passavam as rotas iniciais dos bombardeiros estratégicos e, mais tarde, dos mísseis intercontinentais. A partir dos anos 70, desde o aparecimento dos mísseis intercontinentais de baseamento naval, os mares do Ártico se transformaram nas principais posições dos submarinos soviéticos porta-mísseis.

Nessas condições os planos operacionais da Frota do Norte estavam rigidamente associados ao planejamento das tropas do Pato de Varsóvia, e as ações da marinha eram vistas como parte integrante de uma potencial guerra contra a OTAN. Contudo, sendo uma formação estratégica autônoma, a Frota do Norte tinha estruturas de comando própria e a capacidade de planejamento estratégico no seu próprio teatro de operações.

A situação se alterou depois da formação dos comandos estratégicos unidos. A Frota do Norte passou a integrar a Região Militar Ocidental e perdeu as respetivas capacidades. Entretanto, a necessidade de recuperação das posições da Rússia no Ártico se vai tornando cada vez mais atual.

A união de forças

A decisão de formar o novo CEU significará o regresso da Frota do Norte como uma formação estratégica autônoma que controla o respetivo teatro de operações. Além disso, a nova formação do CEU significa que essa estrutura será interdisciplinar e capaz de comandar todas as forças no teatro respetivo, desde a sua própria frota às brigadas árticas. Também foram mencionados planos de coordenação interdepartamental, podendo neste caso o estado-maior controlar também as ações das forças do Ministério da Administração Interna, do Ministério para as Situações de Emergência e as tropas fronteiriças.

Nessa situação a nova estrutura terá de desempenhar não só as tradicionais tarefas militares, executando o patrulhamento por parte dos submarinos porta-mísseis e a sua cobertura, a defesa das bases navais e a proteção da área marítima, mas também cooperar na exploração econômica do teatro do Ártico. Isso inclui a luta contra a pesca e caça ilegais e contra potenciais ataques às infraestruturas petrolíferas. É igualmente importante o suporte militar dos interesses da Rússia fora dos limites das suas águas territoriais, onde isso seja necessário. Na zona do arquipélago de Spitsbergen, por exemplo, onde os navios de pesca russos já foram detidos várias vezes.

A sua missão principal será a recuperação da infraestrutura militar da Rússia no Ártico e o reforço da frota. Também a aviação terá de ser reforçada, tanto a de combate, como a de patrulhamento. A Frota do Norte e as unidades da Força Aérea localizadas no Ártico possuem uma quantidade bastante limitada de ambos os tipos de aeronaves.

O passo mais importante será a criação de um estado-maior da nova formação capaz de reagir às situações e de formar a sua própria “estratégia ártica”. Só nessas condições todos os outros esforços farão sentido.

Fonte: Voz da Rússia

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