sexta-feira, 13 de setembro de 2013

RÚSSIA E UCRÂNIA: 360º ANIVERSÁRIO DA REUNIFICAÇÃO


No dia 1 de outubro de 1653, por decreto do Zemsky Sobor (Assembleia das Terras – primeiro parlamento russo), a Ucrânia da margem esquerda do Dnieper se tornou parte da Rússia. Essa unificação teve uma enorme importância para os dois países, tanto geopolítica, como social e cultural.

Desde o século XVI, a Ucrânia fazia parte do principado lituano-polonês chamado Rzeczpospolita. A pressão permanente por parte dos poloneses obrigou muitos ucranianos a se refugiarem na outra margem do Dnieper, onde se formou, pouco depois, uma comunidade cossaca livre. Em 1648, os cossacos de Zaporozhie, comandados pelo hétman Bohdan Khmelnitsky, iniciaram uma rebelião na Rzeczpospolita exigindo a sua libertação do domínio do rei polonês. A rebelião se transformou numa guerra de libertação, cujo resultado foi a criação no vale do Dnieper de um Estado autônomo – o Zaporozhskoe Voisko (Exército de Zaporozhie). Para continuar a sua luta contra os poloneses, os cossacos necessitavam de proteção. Bohdan Khmelnitsky começou a procurar aliados no Estado Russo, no Império Otomano, no Canato da Crimeia e até esperava assinar a paz com a Polônia. Por fim, ele acabou por apostar na Rússia, garantindo assim a sua segurança militar, explica a investigadora principal do Instituto de Estudos Eslavos Svetlana Lukashova:

“A união com a Rússia acabou com as pretensões da Rzeczpospolita e com a possibilidade de uma agressão por parte do Canato da Crimeia. No século XVII, eram frequentes as incursões dos tártaros da Crimeia e a pilhagem das terras e tomada de prisioneiros eram prática corrente. Claro que o aparecimento de um exército russo na província de Kiev resultou no fim de todas as ações militares.”

Os historiadores dizem que Bohdan Khmelnitsky fez na altura a única escolha acertada. Passados 100 anos, começou a decadência da Rzeczpospolita e do Império Otomano, enquanto o Canato da Crimeia deixou mesmo de existir.

Por seu turno, a Rússia resolveu definitivamente o problema que tinha com a Rzeczpospolita, que foi o seu principal adversário durante o século XVII, diz o investigador principal do Instituto de História da Rússia Alexander Malov:

“Ao assinar o Tratado de Andrusovo de 1667 e o Tratado de Paz Eterna de 1686, a Rzeczpospolita reconheceu de fato a sua derrota na luta pela liderança política na região. Isso abriu perante a Rússia perspectivas para o seu crescimento e desenvolvimento. Daí resultou a recuperação da maior parte dos territórios perdidos no início do século XVII. Para a Rússia isso foi importante do ponto de vista territorial.”

O alargamento a ocidente permitiu à Rússia reforçar a sua influência nessa direção e entrar na comunidade de países europeus. Além disso, foi precisamente a incorporação das terras ucranianas que transformou a Rússia num império, afirma o historiador Nikolai Svanidze:

“O Império Russo é a Rússia e a Ucrânia. Se elas fossem separadas, não poderia existir o Império. Podemos ver o Império de diferentes maneiras, como uma coisa boa ou má, mas o Império existiu e era o fruto da união da Rússia com a Ucrânia. Foi quando esses dois povos se uniram que foi criada a base do Império Russo e, mais tarde, da União Soviética como herdeira, em grande medida, do Império Russo.”

Além das vantagens políticas, a unificação deu início ao aumento da riqueza cultural dos dois países, diz Nikolai Svanidze:

“Sem a incorporação da cultura ucraniana, da civilização ucraniana, sendo a Ucrânia mais próxima do Ocidente, da Europa, a Rússia seria muito mais pobre. O mesmo se poderá dizer, e com a mesma importância, da influência da Rússia sobre a Ucrânia. A colossal cultura russa, com as suas raízes poderosas, enriqueceu bastante a ucraniana.”

A interpenetração das culturas russa e ucraniana foi tão forte ao longo de mais de três séculos que já é difícil separar uma da outra. Assim, por exemplo, é impossível atribuir a herança literária do escritor Nikolai Gogol à cultura de apenas um desses países. Tal como as obras dos escritores Vladimir Korolenko, Alexander Kuprin, Ilia Ilf, Evgueni Petrov ou Isaak Babel, que nasceram em solo ucraniano.

Fonte: Voz da Rússia

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