O alto índice de analfabetismo no Maranhão é uma das marcas do estado que tem o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos estados brasileiros. Na população com mais de 15 anos, 20,8% são analfabetos. Essa situação se agrava no meio rural, onde o índice sobe para 40,3%.
Trata-se de um contexto onde mais da metade dos municípios do estado possuem baixo IDH, e a cultura política é hegemonizada pelas oligarquias atreladas ao poder econômico. Mais de 20% da população vivem na extrema pobreza.
Como parte do enfrentamento a essa situação, o MST, em diálogo com o governo estadual, construiu um projeto que tem a meta de eliminar 30% do analfabetismo em oito dos municípios com os mais baixos IDHs.
Aldeias Altas, Água Doce do Maranhão, Governador Newton Bello, Jenipapo dos Vieiras, Itaipava do Grajau, Santana do Maranhão, São João do Carú, e São Raimundo do Doca Bezerra entram nessa lista.
Na última sexta-feira (6), no Palácio Henrique de La Rocque, foi assinado o convênio entre a Secretaria do Estado da Educação e a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) para a implementação do projeto.
O governador Flávio Dino (PCdoB) reforçou a importância de enfrentar o analfabetismo, e expôs sua expectativa frente à parceria com os sem-terra.
“Alfabetizar é um grande desafio, por isso a gente precisa reunir forças e energia para que, juntos, possamos alcançar bons resultados. O movimento de alfabetização é uma causa muito importante e ainda temos muito o que fazer. Cabe-nos transformar uma realidade injusta e por isso vocês estão aqui”, destacou.
Maria Divina Lopes, coordenadora do MST no Maranhão, frisou a necessidade de erradicar o analfabetismo enquanto processo de emancipação dos sujeitos.
“Este é um momento muito esperado pelo MST. A luta pela educação é tão essencial quanto pela terra. A partir dessa jornada pela alfabetização, acredito que podemos ser um exemplo de uma experiência massiva de alfabetização e podemos contagiar o país inteiro para erradicar o analfabetismo”, apontou, destacando que essa experiência já foi exitosa em países como México e Venezuela, onde haviam índices de analfabetismo elevados.
“Em pleno século 21, no Brasil, 50 milhões de adultos ainda não sabem ler e escrever um texto. No Maranhão são cerca de 1 milhão de adultos analfabetos, porque não lhes foram oferecidas condições de aprendizagem. O nosso desafio é gigantesco, mas é possível. O governo do Maranhão tem a grande missão de corrigir esta injustiça social”, realçou a secretária Áurea Prazeres.
Divina ainda retomou que a metodologia “Sim, Eu posso” foi desenvolvida em solidariedade aos povos pelo Instituto Pedagógico Latino-Americano e Caribenho de Cuba (IPLAC), e que a metodologia dos Círculos de Cultura tem base no grande educador Paulo Freire.
“Sim, eu Posso Ler e Escrever, essa é uma conquista do MST”, gritavam os cerca de 450 Sem Terrinha de 26 municípios maranhenses, que protagonizaram um dos momentos mais emocionantes do ato.
No convênio cabe à Seduc indicar profissionais para acompanhar as ações de Mobilização pela Alfabetização; acompanhar e monitorar o início do projeto de forma a garantir a elaboração de cadastro dos participantes; coordenar, em conjunto com o MST, a Mobilização pela Alfabetização; mobilizar as SEMEDs e prefeituras para apresentação do projeto e viabilizar junto à equipe pedagógica da URE a implementação do acompanhamento das ações de formação.
Ao MST caberá assessoria político-pedagógica do método “Sim, Eu posso” e Círculo de Cultura; coordenar em conjunto com a Seduc as ações para a Mobilização pela Alfabetização; oferecer formação aos técnicos da secretaria sobre as ações de Mobilização pela Alfabetização e realizar o diagnóstico inicial dos alfabetizandos. A Uema fará o acompanhamento de execução da Jornada de Alfabetização “Sim, Eu posso” nos oito municípios atendidos.
Fonte: MST
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