Unidades militares da Líbia serão preparadas de acordo com os padrões da OTAN na Europa e nos Estados Unidos, confirmou recentemente o primeiro-ministro interino do país, Ali Zidan:
“Atualmente, no exterior, estão sendo treinados 5 mil cadetes, sem contar com aqueles que foram enviados recentemente para a Itália, Turquia e Inglaterra. São oficiais e sargentos já enviados para estudos para o Paquistão, países do Golfo Pérsico, Marrocos, Argélia, Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos e outros Estados do mundo”.
Além disso, nas palavras de Zidan, “enviaremos nos próximos dias mais de 400 homens para a Itália, a Turquia acolherá cerca de 3 mil militares, a Inglaterra receberá inicialmente 400, aumentando posteriormente este número para 2 mil homens”. Mas o maior número de cadetes será treinado a partir do próximo verão por americanos num centro de preparação militar na Bulgária, onde cerca de 8 mil militares líbios irão frequentar cursos de quatro meses.
Um exército unido, treinado e contemporâneo é o única garantia da segurança e tranquilidade para a Líbia agitada. Conforme declarou ao portal Magharebia Nadia Jaaoda, ativista política líbia, “não há esperanças de construir um Estado sem primeiro ter edificado um exército”.
Mas na própria Líbia já é impossível formar tranquilamente as forças armadas eficazes. Como se sabe, desde o início do ano, o número de confrontos armados entre as tropas do governo provisório, islamitas e agrupamentos de partidários de Kadhafi cresceu bruscamente no país. As possibilidades do governo central de controlar a situação diminuíram consideravelmente. Assim, o coronel Hasan al-Akouri declarou que o sul da Líbia é controlado por tribos que apoiam ideias de Kadhafi: “Elas podem formar uma região autocontrolada ou seu próprio Estado e designar como chefe Saadi Kadhfi, filho de Muammar Kadhafi. O novo Estado irá vender petróleo através de portos de Trípoli e, no caso de resistência das autoridades, irá cortar simplesmente o abastecimento de água à capital, obrigando-as a ceder”.
Em 13 de janeiro, o chefe da tribo Toubou, Issa Mansour, fez lembrar em uma entrevista à Paris Match mais um adversário no sul da Líbia: “Estamos combatendo contra a Al-Qaeda que aspira nos aniquilar para ocupar as nossas terras e controlar as fronteiras com o Chade e o Níger”.
À primeira vista, as forças que apoiam o governo transitório em Trípoli deveria unir-se para fazer frente à ameaça comum. Mas tal não acontece. De acordo com um antigo comandante de rebeldes, “figuras fortes” no parlamento e no governo “tentam criar novas formações armadas sob nomes diferentes como, por exemplo, a guarda nacional, para concentrar em suas mãos uma força armada de dissuasão”. Naturalmente, todos estes agrupamentos concorrentes impedem ativamente de formar um exército unido e forte. Esta opinião é apoiada por Frederic Wehrey do Fundo Carnegie para a Paz Internacional. Em suas palavras, qualquer tentativa de um grupo de influência de formar uma nova estrutura militar é considerada por outros grupos como uma vitória de um rival.
Foram frustradas mesmo mínimas tentativas de alterar tal situação. Uma pequena base de preparação de uma companhia das forças de operações especiais, aberta no verão passada, foi encerrada após seus arsenais terem sido saqueados por rebeldes.
Deste modo, na Europa está sendo preparado um exército do país, cujos cidadãos se combatem ativamente pelas ideias absolutamente diferentes. Sabe-se que entre os cadetes há muitos antigos militares das tropas de Kadhafi, mas ninguém pode dizer quantos islamitas convictos constituem parte restante.
O programa da OTAN visa integrar antigos revolucionários nas forças armadas renascentes do país. Mas agora milhares de cidadãos sírios fazem guerra contra as tropas governamentais na Síria. O fato de na Europa ter sido treinado possivelmente um contingente que completará as forças que agora já combatem contra o governo líbio não é desmentido nem por militares americanos. Pergunte-se se alguns “cadetes” líbios, preparados por padrões da OTAN, não terão vontade de levar suas ideias revolucionárias para a Europa?
Fonte: Voz da Rússia
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