segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

AGENTES DUPLOS DA CIA NA PRISÃO DE GUANTÁNAMO


Nos Estados Unidos jornalistas conseguiram novos pormenores sobre a prisão de Guantánamo em Cuba. Verificou-se que, até meados dos anos 2000, a CIA aliciou presos para serem agentes duplos. Aqueles que concordavam em cooperar com os serviços de inteligência recebiam condições confortáveis e libertação. É verdade que posteriormente o programa teve que ser fechado.

Na base de Guantánamo existem até agora alguns chalés que eram usados há alguns anos pela CIA para operações supersecretas. Jornalistas da Associated Press conseguiram saber detalhes do projeto Penny Lane, no âmbito do qual especialistas da Agência Central de Inteligência aliciavam os prisioneiros de Guantánamo para se tornarem agentes duplos. Eis o que conta o jornalista da AP, autor da investigação Matt Apuzzo.

"Penny Lane era um local na base de Guantánamo, situado longe das principais estradas. Nem os advogados dos presos, nem os visitantes da prisão, nem mesmo a maioria dos militares na base sabiam dele. Se eles não tinham acesso a informação secreta, não podiam ir ao local. Penny Lane tinha vários chalés - uma espécie de motel: quartos com banheiro e até mesmo com um pequeno pátio, em geral muito confortável em comparação com as condições da própria prisão de Guantánamo. E se algum dos presos pudesse propor qualquer informação aos serviços de inteligência, era para lá que o levavam. Eles concordavam em colaborar com a CIA. E se seus dados fossem úteis, eram mandados para casa. Daí para a frente eles trabalhavam como agentes duplos."

A prisão em Guantánamo surgiu em janeiro de 2002. Os americanos começaram a mandar para lá prisioneiros do Afeganistão, acusados de participação em ações de combate do lado dos talibãs e da Al-Qaeda. Segundo dados oficiais, de 2002 a 2005 passaram por Guantánamo mais de 750 estrangeiros, capturados pelos americanos durante operações no Afeganistão e Iraque. Nesse período, cerca de 250 pessoas foram libertadas, transferidas para outras prisões ou entregues aos países, dos quais eram cidadãos. Não se sabe quantos deles tornaram-se agentes duplos.

O próprio programa de aliciamento foi encerrado pela CIA em 2006 - diz Matt Apuzzo:

"O programa foi fechado. Penny Lane deixou de funcionar, quando diminuiu a torrente de prisioneiros levados para Guantánamo. E, com a diminuição do número de novos prisioneiros, o próprio processo de aliciamento tornou-se menos seguro, e os dados que os prisioneiros poderiam transmitir - menos valiosos. As pessoas que passaram por Penny Lane voltaram para seus países. Elas continuam a trabalhar. Alguns ajudam a CIA a encontrar e liquidar líderes da Al-Qaeda. Outros deixaram de cooperar."

A CIA recusou-se a comentar a investigação da Associated Press. Mas pelos dados das fontes da agência, o ex-presidente George Bush filho e o atual chefe de estado Barack Obama sabiam da existência do programa de aliciamento de prisioneiros de Guantánamo.

Fonte: Voz da Rússia

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