segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O ATENTADO DE SARAJEVO NA IMPRENSA EUROPEIA


Ao polemizar com Berlim e Viena, que procuravam uma conspiração ora em Belgrado, ora quase em São Petersburgo, a imprensa parisiense continua a insistir com uma rara unanimidade, que reúne jornais tão antagônicos como, por exemplo, o L’Eclair, o Libre Parole, o Radical, o L’Action e o L’Humanite, que o drama que se desenrolou em Sarajevo foi uma consequência lógica e natural de toda uma série de acontecimentos.

O disparo de Sarajevo liquidou o inspirador e organizador da anexação que acabou com as aspirações nacionais dos sérvios. Ele foi efetuado no dia da festa nacional sérvia, o que tocou de uma forma mais dolorosa e amarga os sentimentos de mágoa e de opressão nacional. O jornal Le Journal escrevia: “A vítima era o inspirador e a expressão evidente do sistema que era praticado numa Bósnia oprimida”.

“Ao aguardar pelo terror”, refere o Radical, “não podemos deixar de ver no assassinato de Francisco Fernando um sério aviso ao sistema de opressões usado pela Áustria para reforçar o seu domínio usando o direito do mais forte. Um sistema de regime militar, denúncias e procedimentos administrativos é um sistema de governo ultrapassado”. O moderado La France afirma: “A opressão praticada por vontade do defunto foi vingada. Esse foi o triste resultado da política de conquista representada por Francisco Fernando”.

“O que há de estranho”, exclama o senador Henri Beranger no L’Action, “em jovens cabeças quentes inflamadas pela vingança? Eles não podem ser desculpados, mas podem ser compreendidos. O drama que ocorreu é uma página na epopeia da luta do eslavismo contra os seus opressores germânicos.”

Jean Jaures exclama no L’Humanite: “Deixou de haver direito internacional! Por toda a parte reina o sistema do punho blindado que provoca explosões de paixões, violência e assassinatos, esses eternos companheiros da arbitrariedade, da opressão e do despotismo. O falecido arquiduque tomou como objetivo “domar” toda uma nação. Ele planejava derrotar a Sérvia. Agora, claro, eles tentarão responsabilizar um povo inteiro pela exaltação de dois jovens. Já se vislumbra a silhueta de um sósia do fabricado “caso de Zagreb”, e que é a “conspiração de Belgrado”, que irá conceder à camarilha clerical militante um pretexto para ajustar contas com a Sérvia. Que a Áustria tenha cuidado ao optar pelo caminho de mais repressão! Quem semeia ventos colhe tempestades. Só um regime de justiça e liberdade poderá prevenir a explosão das paixões.”

O jornal sérvio Balkan atribui ao atentado de Sarajevo uma importância global. Francisco Fernando ameaçava a paz europeia, ele criou a Albânia para depois conquistá-la, provocou a guerra sérvio-búlgara, mas agora ele desapareceu. O jornal La Stampa escreve que Francisco Fernando pagou por todos os pecados da política austríaca, pelo regime da mentira e das perseguições. Roma aguardava por uma alteração radical na política austríaca. Eles esperavam um fim da política agressiva em Trieste e na região à sua volta, em que o defunto arquiduque apadrinhava os croatas de uma forma especial em prejuízo das outras nacionalidades.

A imprensa turca escreve sobre o atentado de Sarajevo como de um presságio do “início do grandioso combate de duas raças – os eslavos e os germânicos. A infelicidade de Áustria está em que a sua futura existência está intimamente ligada à pessoa do seu governante”. O jornal Tanin refere: “O assassinato do arquiduque irá provocar uma quebra de toda a política austríaca. É evidente que, tendo uma população composta em três quartos por eslavos, não se pode levar a cabo uma política germânica. O assassinato do herdeiro foi uma consequência dessa política errada.”

A Primeira Guerra Mundial foi o resultado dessa política.

Fonte: Voz da Rússia

Segue o link do Canal no YouTube e o BLOG
Gostaria de adicionar uma sugestão, colabore com o NÃO QUESTIONE

Este Blog tem finalidade informativa. Sendo assim, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). As imagens contidas nesse blog foram retiradas da Internet. Caso os autores ou detentores dos direitos das mesmas se sintam lesados, favor entrar em contato. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário