Milhares de pessoas reuniram-se no domingo (01 de dezembro) no centro da capital da Ucrânia, cidade de Kiev. A principal exigência dos manifestantes é a demissão do governo e eleições antecipadas. Os líderes da oposição parlamentar anunciaram o início de uma greve geral em resposta à recusa do presidente Viktor Yanukovich de assinar o acordo de associação com a UE.
Os partidários mais estoicos da integração europeia da Ucrânia passaram praticamente todo o domingo na praça da Independência, ouvindo inúmeros oradores, embora tivessem falado pouco da famigerada opção europeia. É evidente que o principal objetivo dos manifestantes não é a associação com a União Europeia mas sim a mudança do poder, está convicto o politólogo, jornalista ucraniano independente, Vladimir Skachko:
"É claro que a orientação para a eurointegração é um suicídio para o país. Todos reconhecem isto, até mesmo os políticos ocidentais. Segundo avaliação da agência Bloomberg, a suspensão da assinatura da associação diminuiu os riscos financeiros da Ucrânia e possibilitou-lhe evitar a falência. Isto não é uma revolução, não é um golpe de Estado. É simplesmente uma tomada do poder. Mais um motim dos ricos contra os muito ricos."
As principais exigências dos mitingueiros é a mudança do governo e nova eleição do presidente - declarou um dos organizadores da ação, coordenador do movimento "Causa Comum" Alexander Danilyuk:
"Foi tomada a prefeitura de Kiev, bem como uma série de outros edifícios administrativos. Este processo pode durar 5-6 dias. Estaremos aqui até à vitória. Hoje na Ucrânia não restam não apenas parentes, mas também muitos representantes do Partido das Regiões (partido governante - nota da redação) que podem se permitir sair do país. Os voos charter partem a cada 5 minutos. Dentro de 5 dias além de nós não haverá aqui outro poder."
Entretanto agora, quando na Ucrânia ocorre uma guerra de informação, tais declarações dos participantes do comício devem ser encaradas com cautela. Tudo o que ocorre é muito parecido com uma franca provocação - considera o especialista em Ucrânia e Bielorrússia, Bogdan Bezpalko.
"Isto é parte da guerra informativa psicológica. Mas suas sementes caem em solo fértil, muitos cidadãos da Ucrânia estão convictos de que o ingresso na UE é o caminho para a prosperidade. Por isso, eles consideram que Yanukovich impede-os de viver bem. Eles não entendem que o país não será nada mais do que uma colônia europeia."
O especialista salientou que entre os mitingueiros não há unidade. Eles se dividiram em dois campos, um é a favor do ingresso na UE, outro apoia simplesmente a oposição política.
Mas é justamente a divisão do poder que se tornou o sustentáculo do protesto. E o que menos preocupa os provocadores, que durante todo o dia, a centenas de metros da praça da Independência, tentaram tomar de assalto o edifício da administração do presidente da Ucrânia, é o futuro do país, está convicto o jornalista ucraniano Vladimir Skachko:
"Estas são as primeiras fendas que precedem a divisão do país. Agora chegou o momento decisivo para o poder e a oposição. Eles devem juntos chegar à conclusão de que necessitam parar as ações de provocação e não levar ao desenvolvimento sangrento dos acontecimentos. Ou haverá guerra civil ou divisão do país. É uma lenda, um mito que toda a Ucrânia anseia pela Europa."
Enquanto isso, os líderes da oposição, por hábito, acusam o poder de provocação junto ao edifício da administração do presidente. A polícia de Kiev anunciou à noite que continuará garantindo a segurança. As autoridades lembraram que está prevista responsabilidade penal por tumultos e tomada de edifícios administrativos.
Fonte: Voz da Rússia
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